• Pesquisadores da Mayo Clinic identificam nova enzima para combater a doença de Alzheimer

JACKSONVILLE, Flórida, 18 de setembro de 2012 — Uma enzima que pode ser utilizada como uma ferramenta poderosa no combate à doença de Alzheimer foi descoberta por pesquisadores da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida. A enzima — chamada de BACE2 — destrói a proteína beta-amilóide, um fragmento tóxico de outra proteína que forma placas nos cérebros de pacientes com a doença. A descoberta foi publicada na edição online de 17 de setembro do jornal científico Molecular Neurodegeneration.

ALERTA DE MULTIMÍDIA: Recursos de video, incluindo uma entrevista com o neurocientista Malcolm Leissring, estão à disposição de jornalistas na Mayo Clinic News Network (Rede de Notícias da Clínica Mayo).

A doença de Alzheimer é o mais comum distúrbio de memória. Ela afeta mais de 5,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Apesar dos enormes danos financeiros e pessoais causados pela doença, nenhum tratamento eficaz foi encontrado até hoje.

A equipe de pesquisa da Mayo, liderada pelo neurocientista da Clínica Mayo de Jacksonville Malcolm Leissring, Ph.D., fez a descoberta através de testes de centenas de enzimas que poderiam ter a capacidade de reduzir os níveis de beta-amilóide no cérebro. A equipe descobriu que a BACE2 reduz o acúmulo de beta-amilóide de forma mais eficaz do que todas as demais enzimas testadas. A descoberta é interessante porque a BACE2 se relaciona, de perto, com outra enzima, a BACE1, que está envolvida com a produção de beta-amilóide.

"Apesar de suas estreitas similaridades, as duas enzimas têm efeitos completamente opostos sobre a beta-amilóide: a BACE1 dá, enquanto a BACE2 toma", diz Malcolm Leissring.

A proteína beta-amilóide é um fragmento de uma proteína maior, conhecida como APP (proteína precursora do amilóide). E é produzida por enzimas que cortam a APP em duas oportunidades. A BACE1 é a enzima responsável pelo primeiro corte, o que gera a beta-amilóide. A pesquisa mostrou que a BACE2 corta a beta-amilóide em partes menores e, com isso, a destrói. Apesar de haver outras enzimas conhecidas por quebrar a beta-amilóide, a BACE2 é particularmente eficiente nessa função, conforme revelou o estudo.

Um estudo anterior mostrou que a BACE2 também pode reduzir os níveis de beta-amilóide, através de um segundo mecanismo: cortando a APP em um ponto diferente do que faz a BACE1. A BACE2 corta no meio da porção da beta-amilóide, o que previne a produção da beta-amilóide.

"O fato de a BACE2 ter a capacidade de reduzir a beta-amilóide por dois mecanismos diferentes torna a enzima uma candidata especialmente atrativa para a terapia genética no tratamento da doença de Alzheimer", diz o autor principal do estudo, o também neurocientista da Clínica Mayo de Jacksonville Samer Abdul-Hay.

A descoberta sugere que anomalias na BACE2 podem aumentar o risco de doença de Alzheimer. Isso é importante porque certos medicamentos em uso clínico — por exemplo, as drogas antivirais usadas no combate ao vírus da imunodeficiência humana ç — funcionam por inibir enzimas similares a BACE2.

Apesar da capacidade da BACE2 de reduzir a beta-amilóide através de dois mecanismos distintos, apenas o mecanismo recentemente descoberto — o da destruição da beta-amilóide — pode ser relevante no que se refere à doença, observam os pesquisadores. Isso porque o segundo mecanismo, que envolve o corte da APP pela BACE2, não ocorre no cérebro.

Os pesquisadores obtiveram uma verba dos Institutos Nacionais de Saúde para estudar se o bloqueio da destruição da beta-amilóide pode aumentar os riscos de doença de Alzheimer em um modelo camundongo da doença.

A pesquisa também foi apoiada por verbas da entidade Coins for Alzheimer's Research Trust Fund (Moedas para o Fundo Fiduciário de Pesquisa da Alzheimer), em associação com a American Federation for Aging Research (Federação Americana para a Pesquisa do Envelhecimento).

Para mais informações sobre tratamento da doença de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.

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