Os pesquisadores da Mayo Clinic biomanufaturaram a terapia de células T receptoras de antígenos quiméricos (terapia celular CAR-T) de uma nova maneira, a fim de rastrear a jornada de combate ao câncer das células e prever efeitos tóxicos colaterais. Este avanço importante da Mayo Clinic, publicado na revista médica Cancer Immunology Research, também poderia esclarecer o mistério sobre como desencadear a terapia celular CAR-T para destruir os tumores sólidos.
“Esta nova tecnologia nos permite gerar imagens das células CAR-T após elas serem dadas aos pacientes e estudar o seu destino”, afirma Saad Kenderian, M.B., Ch.B., hematologista e pesquisador da Mayo Clinic, além de autor principal. “Isso torna possível a investigação de estratégias que possam aperfeiçoar o trânsito de células CAR-T e a penetração nas células tumorais e, assim, poder melhorar a eliminação do tumor.”
A pesquisa
Os pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram células CAR-T para extrair uma proteína simportadora de iodeto de sódio que poderia ser visualizada por uma tomografia por emissão de pósitrons (PET) em modelos pré-clínicos. Os investigadores monitoraram em tempo real, rastreando de forma precisa, como as células CAR-T se multiplicavam e atacavam o câncer para destruí-lo. Esta nova imagem estabelece o fundamento para estratégias que poderiam usar a terapia celular CAR-T para combater mais tipos de doença.
“Até agora, não tínhamos uma plataforma relevante para captação de imagens para monitorar a expansão e o trânsito de células para os locais de tumor”, afirma o Dr. Kenderian. “Podemos demonstrar em modelos de ratos que as imagens por tomografia PET mostram como as células CAR-T se movimentam e quando aumentam em número e causam efeitos colaterais. Esse novo entendimento pode nos ajudar a expandir a terapia celular CAR-T para mais tipos de cânceres para que mais pacientes possam se beneficiar.”
Um novo tipo de imunoterapia regenerativa
As imunoterapias liberam os mecanismos de defesa do corpo para combater bactérias, vírus e doenças, incluindo o câncer. A terapia com células CAR-T é um novo tipo de imunoterapia regenerativa que aproveita o sistema imunológico do corpo por meio da modificação genética das células, equipando-as nas missões de busca e destruição para eliminar o câncer. Essas células sintéticas se tornam uma droga viva que se propaga pelo corpo, estimulando continuamente o sistema imunológico para atacar as doenças.
A terapia celular CAR-T tem se mostrado promissora em benefícios terapêuticos nos cânceres do sangue, e a Food and Drug Administration (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos EUA) aprovou o seu uso em pacientes com linfoma, leucemia e, mais recentemente, mieloma múltiplo. No entanto, os graves efeitos colaterais e a compreensão deficiente sobre como a terapia celular CAR-T pode ser eficaz em tumores sólidos são obstáculos a serem superados.
O Centro de Medicina Regenerativa e o Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic estão na vanguarda da pesquisa e prática que procuram expandir as opções de imunoterapia regenerativa para mais tipos de cânceres e com potencial para distúrbios neurológicos e autoimunes.
“Observamos uma eficácia terapêutica sem precedentes nas pesquisas clínicas de terapia celular CAR-T em pacientes com alguns cânceres do sangue, incluindo a leucemia linfoblástica aguda de células B, o linfoma não Hodgkin de células B, a leucemia linfoblástica crônica de células B e o mieloma múltiplo”, afirma o Dr. Kenderian. “Entretanto, a adoção mais ampla da terapia celular CAR-T é limitada em função da atividade mínima em tumores sólidos e do desenvolvimento de toxicidades potencialmente fatais.”
A síndrome de liberação de citocinas é um efeito colateral potencialmente devastador de imunoterapias, como a terapia celular CAR-T. Ela pode causar reações graves, incluindo náuseas, aceleração do batimento cardíaco, baixa pressão arterial, problemas respiratórios e, em alguns casos, pode ser fatal.
Ainda que essa nova descoberta em imagens de células CAR-T possa ajudar a superar os obstáculos dos efeitos colaterais tóxicos e a eficácia limitada em tumores malignos além dos cânceres do sangue, estudos adicionais são necessários para confirmar essas descobertas. A próxima etapa é testar essa plataforma na fase 1 de pesquisas clínicas de células CAR-T para monitorar o movimento e a expansão delas nos pacientes e entender como as células falham.
Reona Sakemura, M.D., Ph.D., pesquisador em hematologia da Mayo Clinic, é o primeiro autor desse estudo. Esse estudo foi conduzido em colaboração com Stephen Russell, M.D., Ph.D. e Kah Whye Peng, Ph.D., que desenvolveram e estudaram o uso da proteína simportadora de iodeto de sódio em pesquisas clínicas usando vírus oncolíticos e terapia genética.
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