5 coisas que você precisa saber sobre o câncer de pâncreas
4 de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer
“Não é um câncer particularmente comum”, afirma Mark Truty, M.D., cirurgião-oncologista na Mayo Clinic. “O risco de câncer de pâncreas por toda a vida para qualquer paciente sem qualquer predisposição de risco é de apenas 1 a 3 por cento.”
De acordo com o National Cancer Institute, o câncer de pâncreas contabiliza 3,2 por cento de todos os novos casos de câncer, mas ele causa aproximadamente 8 por cento de todas as mortes por câncer. E a taxa de sobrevivência de cinco anos para câncer de pâncreas é de apenas 10,8 por cento.
Aqui estão cinco aspectos que todos deveriam saber sobre esse câncer mortal:
1. O câncer de pâncreas é agressivo e causa sintomas não específicos.
“Para 50 por cento dos pacientes no momento do diagnóstico, notamos que o câncer se espalhou do pâncreas para outros órgãos, o que significa câncer de pâncreas com metástase em estágio quatro”, afirma o Dr. Truty.
Isso acontece por duas razões. Em primeiro lugar, as células do câncer de pâncreas são particularmente agressivas. Elas se acumulam, formam tumores e se espalham para os órgãos periféricos rapidamente. Em segundo lugar, o câncer de pâncreas raramente causa sintomas antes de se espalhar além do pâncreas. E quando ele causa sintomas, eles não são específicos, como dor abdominal, dor nas costas ou perda de peso, todos sintomas com mais probabilidade de serem causados por algo diferente do câncer de pâncreas.
“Não é viável investigar cada pessoa com indigestão, gases, dores abdominais ou dores nas costas, porque uma pequena proporção delas terá esse câncer”, afirma Santhi Swaroop Vege, M.D., gastroenterologista na Mayo Clinic.
“Não é viável até observarmos coisas realmente específicas, como icterícia ou a pele ficando amarela, ou fezes ficando mais claras, ou a urina ficando mais escura, ou diabetes de início recente, que podemos associar os sintomas ao câncer de pâncreas”, afirma o Dr. Truty.
Outro sintoma específico do câncer de pâncreas é o diabetes que, de uma hora para outra, fica mais difícil de tratar.
2. O diagnóstico do câncer de pâncreas é um processo com múltiplas etapas.
Quando um médico suspeita que um paciente possa ter câncer de pâncreas, a primeira etapa é fazer exames de imagem para visualizar os órgãos internos. A tomografia computadorizada (TC) normalmente é utilizada.
“Realizamos aquilo que é chamado de exame TC de protocolo do pâncreas”, afirma o Dr. Vege. “Se o radiologista confirmar uma massa no pâncreas, então há uma certeza de 90 por cento para que seja câncer de pâncreas”. Se a TC não for possível por qualquer motivo ou se ela não for conclusiva, então a imagem por ressonância magnética (MRI) pode ser utilizada. Se as imagens confirmarem uma forte probabilidade de câncer de pâncreas, o próximo passo é um exame de sangue.
“A partir do momento em que temos um exame de TC sugerindo câncer de pâncreas, fazemos um exame de sangue para um marcador de tumor chamado CA19-9, uma vez que 85 a 90 por cento das pessoas com câncer de pâncreas possuem altos valores”, afirma o Dr. Vege. “Se o exame de sangue confirmar os altos valores para CA19-9, então utilizamos isso como uma linha de referência para acompanhar a doença após o início do tratamento.”
O exame de sangue não confirma o câncer de pâncreas, pois existem algumas pessoas com a doença que não têm níveis elevados de CA19-9. Um diagnóstico final exige uma biópsia (uma amostra de tecido para exame). “Nenhum câncer é um câncer até que você tenha uma biópsia para provar isso”, afirma o Dr. Vege.
Na Mayo Clinic, uma amostra de tecido normalmente é coletada durante um ultrassom endoscópico (USE). Durante o procedimento, o dispositivo de ultrassom é passado por meio de um tubo fino e flexível (endoscópio) pelo esôfago e em direção ao estômago, por onde uma agulha pode ser inserida no pâncreas para coletar tecido.
Então, a amostra de tecido é examinada para confirmar o diagnóstico de câncer de pâncreas. Se o diagnóstico for confirmado, o tecido também é analisado para os marcadores que possam ajudar a determinar o tratamento mais efetivo para o câncer da pessoa.
3. A causa da maioria dos cânceres de pâncreas é incerta.
Os médicos identificaram alguns fatores que podem aumentar o risco para câncer de pâncreas, como tabagismo, diabetes, inflamação crônica do pâncreas (pancreatite), obesidade e histórico familiar, mas a causa é incerta.
“Para a vasta maioria dos pacientes, não há predisposição associada, a não ser alguns comportamentos, como tabagismo ou diabetes”, afirma o Dr. Truty.
“Aproximadamente 10 por cento dos cânceres de pâncreas têm uma base hereditária”, diz o Dr. Vege. “E apenas cerca de 8 por cento dos cânceres de pâncreas são cânceres de pâncreas familiares, o que significa que o paciente tem um parente de primeiro grau ou parente de segundo grau com a doença.”
Outros cânceres de pâncreas estão relacionados com o histórico familiar de síndromes genéticas que podem aumentar o risco de câncer, incluindo uma mutação no gene BRCA2, síndrome de Lynch e síndrome de melanoma maligno atípico familiar (FAMMM). “Apenas cerca de 2 por cento dos cânceres de pâncreas são considerados cânceres de pâncreas hereditários sindrômicos, que estão ligados a síndromes clínicas hereditárias”, afirma o Dr. Vege.
A pesquisa mostrou que a combinação de tabagismo, diabetes de longa data e uma dieta pobre aumenta o risco de câncer de pâncreas, além do risco que qualquer um desses fatores sozinhos representa.
4. Não há uma boa maneira de rastrear o câncer de pâncreas.
Os médicos ainda não possuem uma boa maneira de rastrear grandes porções da população para o câncer de pâncreas. “Não existe um bom teste de rastreamento que seja barato, eficaz, seguro e que possa ser aplicado como um exame de Papanicolau, uma mamografia ou uma colonoscopia”, diz o Dr. Vege.
“Para pessoas com parentes de primeiro grau com câncer de pâncreas (particularmente se eles tiverem dois parentes de segundo grau com a doença), estamos fazendo algum tipo de rastreamento com ressonância magnética todos os anos”, afirma o Dr. Vege. “E, possivelmente, um ultrassom endoscópico a cada três anos.”
Mas, para as pessoas sem um histórico familiar de câncer de pâncreas, o rastreamento não está disponível.
Os Drs. Truty e Vege, bem como outros pesquisadores na Mayo Clinic, estão fazendo o levantamento de dados de pacientes para obter pistas que poderiam ajudá-los a desenvolver diretrizes para o rastreamento do câncer de pâncreas. “Estamos analisando os dados sobre os pacientes com diabetes de início recente diagnosticados com câncer de pâncreas”, afirma o Dr. Vege. “Para as pessoas que também tinham indigestão, sintomas abdominais e níveis elevados de CA19-9, adicionamos níveis de glicose sanguínea dos três anos anteriores e podemos desenvolver uma estimativa de risco de cerca de 50 a 74 por cento.”
A Mayo Clinic está participando do Consórcio de detecção do câncer de pâncreas do Instituto Nacional do Câncer para desenvolver e testar novas maneiras de detecção do câncer de pâncreas em nível inicial para utilização na identificação de pessoas com alto risco de desenvolvimento da doença.
5. Os tratamentos e os resultados estão sendo aperfeiçoados.
Para os pacientes cujo câncer de pâncreas já se espalhou para outros órgãos no momento do diagnóstico, a quimioterapia é o tratamento primário. Os pacientes cujo câncer está confinado no pâncreas também podem ser candidatos para radiação e cirurgia.
Se o tumor do paciente não acometer nenhum vaso sanguíneo significativo ou nenhuma veia e artérias críticas, os pacientes normalmente são submetidos a uma operação para remover o tumor. “Estamos fazendo isso há várias décadas”, afirma o Dr. Truty. “Infelizmente, os resultados a longo prazo têm sido ruins. Uma parte significativa desses pacientes desenvolve doença recorrente precoce em locais distantes, o que significa que o câncer já havia se espalhado, e nós simplesmente não estávamos cientes disso.”
Para determinar se a cirurgia é a melhor opção, o Dr. Truty agora considera três perguntas:
- Existe alguma evidência de que o câncer se espalhou?
- O tumor pode ser removido sem que nenhuma célula cancerígena fique para trás?
- O paciente está em um nível de aptidão física adequado para tolerar a cirurgia e se recuperar bem o suficiente para receber quimioterapia?
“Sabemos que os pacientes que se submetem a uma operação para remover os tumores podem viver significativamente mais do que os pacientes que não são operados”, diz o Dr. Truty. “Mas, se fizermos a cirurgia e deixarmos células cancerígenas para trás ou se o paciente tiver complicações e não puder tolerar a quimioterapia, o benefício não faz sentido.”
O Dr. Truty e muitos outros profissionais de saúde de câncer de pâncreas agora estão tratando os pacientes antes da cirurgia com uma combinação de quimioterapia e mais ou menos radiação. Eles também estão fazendo operações mais extensas.
“Expandimos o nosso critério para os pacientes aptos para cirurgia e agora estamos operando pacientes cujos tumores acometem vasos sanguíneos importantes, como veias e artérias”, afirma o Dr. Truty. “A quimioterapia aperfeiçoada, a radiação apropriada e as operações mais complexas tiveram resultados significativamente aprimorados a longo prazo.”
Agora, os Drs. Truty e Vege estão observando os pacientes que sobrevivem de quatro e seis anos com essa combinação de tratamentos. “O objetivo é alongar a vida do paciente e manter ou aprimorar a sua qualidade de vida”, afirma o Dr. Truty. “É o resultado que todo o paciente com câncer deseja, e estamos tentando proporcionar isso para eles com todas as ferramentas que temos”.
Para mais informações, consulte oBlog do Centro de Câncer da Mayo Clinic.
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Jornalistas: o Dr. Truty e o Dr. Vege conversam sobre o câncer de pâncreas no podcast em vídeo “Mayo Clinic Q&A” (em inglês).
Sobre a Mayo Clinic
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