Primeiro teste em humanos mostra promessa para ritmos cardíacos de taquicardia ventricular difíceis de tratar
ROCHESTER, Minnesota — Um primeiro estudo multicêntrico em humanos envolvendo a Mayo Clinic usou uma nova técnica de ablação para pacientes com taquicardia ventricular (um ritmo cardíaco anormalmente rápido que é uma das principais causas de morte súbita cardíaca em todo o mundo).
O estudo testou a ablação com agulha usando energia de radiofrequência com solução salina aquecida em cateter, também conhecida como SERF, para aumentar consideravelmente a transferência de calor, em comparação com os métodos de ablação convencionais. O novo processo produz cicatrizes de lesões mais profundas e controláveis em locais no músculo cardíaco. O cateter pode controlar com precisão o tamanho da ablação e tratar o tecido mais profundo na parede do coração, onde são frequentemente encontradas as arritmias que causam taquicardia ventricular e oferecem risco de vida.
As terapias de medicação e a ablação tradicional (que usa o calor ou o frio para cicatrizar pequenas áreas de tecido cardíaco) podem não ser suficientes para prevenir a taquicardia ventricular. Assim, muitos pacientes também têm um cardioversor desfibrilador implantável (CDI) para lidar com arritmias mais perigosas. Embora o choque do CDI corrija o ritmo cardíaco, ele não previne a arritmia. No teste, os pesquisadores usaram vários métodos para eliminar diretamente o tecido cardíaco anormal que causa o distúrbio de ritmo que oferece risco à vida.
“Esse estudo preliminar é importante porque sugere haver uma nova maneira de tratar a taquicardia ventricular problemática, reduzindo ou eliminando os choques feitos pelos CDIs. Ele parece ser eficaz para atingir esse objetivo”, diz o Dr. Douglas Packer, M.D., especialista em eletrofisiologia cardíaca da Mayo Clinic, primeiro autor e investigador principal do estudo. “Para os médicos, isso dá a esperança de que o tratamento no laboratório de eletrofisiologia pode ser eficaz, mesmo que outros tratamentos falhem. Para os pacientes, ele dá a esperança de melhorar a qualidade de vida.”
O cateter inovador foi desenvolvido pelo Dr. Michael Curley, Ph.D., da Thermedical Inc. de Boston, com financiamento dos National Institutes of Health (NIH). Dr. Curley é o autor sênior dos resultados da pesquisa que estão publicados na revista médica Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology.
No estudo, 32 participantes de seis centros foram submetidos à ablação por eletrodo de agulha. Cada um dos participantes havia passado por vários episódios de taquicardia ventricular que não responderam à terapia com medicamentos após a implantação do CDI e a ablação padrão. Esses pacientes receberam cerca de 45 choques do desfibrilador nos seis meses anteriores ao procedimento.
Em 31 dos 32 pacientes, a taquicardia ventricular clínica foi eliminada imediatamente ao final do procedimento. As terapias de dispositivo, como choque ou regulação do ritmo, foram reduzidas em 89 por cento durante o período de acompanhamento de cinco meses. Cinco pacientes desse grupo de alto risco apresentaram complicações, principalmente nos primeiros procedimentos.
Pessoas com taquicardia ventricular vivem com a possibilidade de uma morte súbita cardíaca devido a sinais elétricos irregulares no coração. Os choques de um CDI são usados para interromper a arritmia, mas não eliminam a causa da doença. Os choques corretivos são estressantes para os pacientes e podem reduzir a qualidade de vida, especialmente se forem necessários com frequência.
“Os pacientes precisam de tratamentos melhores para a taquicardia ventricular”, diz a Dra. Emily Tinsley, Ph.D., diretora do programa no Núcleo de Insuficiência Cardíaca e Arritmias da Divisão de Ciências Cardiovasculares do Instituto Nacional do Coração, Pulmões e Sangue (National Heart, Lung and Blood Institute), que é parte dos NIH. A Dra. Tinsley não era membro da equipe de estudo. “Embora sejam necessárias mais pesquisas para confirmar as descobertas, o estudo nos fornece informações preliminares sobre uma nova tecnologia promissora para o tratamento dessa condição.”
O Dr. Packer diz que o próximo passo da pesquisa é um ensaio clínico maior, com aproximadamente 150 pacientes, para comprovar os resultados e demonstrar a segurança da nova tecnologia de SERF.
A pesquisa relatada nesse comunicado foi apoiada em parte pelo National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI), e em parte pelos National Institutes of Health, com o seguinte número de subsídio: R44HL132746. O financiamento para a pesquisa também foi fornecido pelo Programa de Pesquisa de Inovação em Pequenas Empresas (Small Business Innovation Research, SBIR) do NHLBI com os seguintes subsídios: R43HL63535, R44HL63535 e R44HL132746.
Os coautores do artigo da pesquisa são o Dr. David Wilber, Loyola University Medical Center; Dr. Suraj Kapa, Mayo Clinic; Dr. Ammar Killu, Bacharel em Medicina e Cirurgia, Mayo Clinic; Dra. Katie Dyrda, Montreal Heart Institute; Dra. Isabelle Nault, Canada Quebec Heart and Lung Institute; Dr. Arvindh Kanagasundram, Vanderbilt University Medical Center; Dr. Travis Richardson, Vanderbilt University Medical Center e Dr. William Stevenson, Vanderbilt University Medical Center.
O Dr. Packer informa que é consultor não remunerado da Thermedical e recebeu financiamento para pesquisa dos NIH/NHLBI e da Thermedical. Michael Curley informa ter subsídios dos NIH/NHLBI e atualmente deter ações e ser o fundador da Thermedical Inc.
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