Pesquisadores da Mayo Clinic identificam mulheres com o dobro de risco de câncer em ambas as mamas

ROCHESTER, Minnesota — Mulheres com câncer em uma das mamas podem ter um risco mais elevado de desenvolver câncer na mama oposta caso sejam portadoras de mutações genéticas que as predisponham ao desenvolvimento de câncer de mama, de acordo com um estudo conduzido pelo Centro de Câncer da Mayo Clinic. Essas descobertas, publicadas na revista Journal of Clinical Oncology, ajudarão a personalizar as abordagens para exames de câncer de mama e os fatores de risco, dizem os autores do estudo.

O estudo utilizou os dados de 15.104 mulheres acompanhadas prospectivamente no consórcio CARRIERS (CAnceR Risk Estimates Related to Susceptibility ou Estimativas de risco de câncer relacionadas à suscetibilidade). Os pesquisadores descobriram que as pacientes portadoras de uma mutação germinativa nos genes BRCA1, BRCA2 ou CHEK2, apresentam um risco pelo menos duas vezes maior de desenvolver câncer em ambas as mamas, também conhecido como câncer de mama contralateral.

Como contraponto, as pacientes portadoras de mutações germinativas no gene ATM não apresentaram risco significativamente elevado de desenvolver câncer de mama contralateral. Entre as portadoras de mutações nos genes PALB2, o risco de desenvolver câncer de mama contralateral era significativamente elevado apenas entre as pacientes com a doença de receptores de estrogênio negativos.

“Estes são os primeiros números baseados na população disponíveis para esses três genes além do BRCA1/2”, afirma o Dr. Fergus Couch, pesquisador no Centro de Câncer da Mayo Clinic, professor de pesquisa médica da cátedra Zbigniew and Anna M. Scheller e pesquisador principal do estudo CARRIERS. “Trata-se, também, de um dos maiores estudos a fornecer estimativas do risco de câncer de mama contralateral por idade no diagnóstico, estado da menopausa e raça/etnia em portadores de mutações germinativas.”

A maioria das pacientes com câncer de mama portadoras de mutações germinativas assumem o alto risco de desenvolver câncer na mama oposta, diz o coautor do estudo Dr. Siddhartha Yadav, médico oncologista do Centro de Câncer da Mayo Clinic. Embora isso seja verdadeiro para as portadoras da mutação BRCA1/2 com câncer de mama, o risco de desenvolver câncer de mama contralateral nas portadoras de mutação germinativa nos genes ATM, CHEK2 ou PALB2 não havia sido previamente estabelecido. Mesmo para as portadoras da mutação BRCA1/2, uma avaliação abrangente de risco de câncer de mama contralateral baseada em idade, estado do receptor de estrogênio, estado da menopausa e efeitos do tratamento inicial de câncer de mama não havia sido realizada.

“As descobertas revelam informações importantes que ajudarão em uma avaliação personalizada de risco de câncer de mama contralateral em nossas pacientes portadoras de mutações germinativas,” afirma o Dr. Yadav. “Ter esse nível de detalhamento ajudará a orientar as decisões entre as pacientes e suas equipes de cuidados para direcionar adequadamente os exames e as etapas para reduzir o risco de câncer de mama contralateral de acordo com as estimativas de risco mais precisas e individualizadas.”

Os pesquisadores descobriram que, no momento do diagnóstico de câncer, as mulheres na pré-menopausa e portadoras de mutações germinativas geralmente apresentam risco mais elevado de desenvolver câncer de mama contralateral em comparação com as mulheres que estão na pós-menopausa. O estudo descobriu que entre as mulheres com mutações germinativas nos genes de predisposição ao câncer de mama, mulheres negras e mulheres brancas não hispânicas têm risco elevado semelhante de câncer de mama contralateral, sugerindo que as estratégias de gerenciamento de risco devem ser semelhantes.

“Muitas mulheres serão submetidas a mastectomia bilateral para reduzir a possibilidade de um segundo câncer de mama”, afirma o Dr. Couch. “Agora, temos os dados com os quais trabalhar no momento de tomar a decisão de remover a segunda mama, buscar uma vigilância agressiva ou adotar a medicação preventiva.”

O estudo foi financiado pelos subsídios R01CA192393, R01CA225662 e R35CA253187 do Instituto Nacional de Saúde (National Institute of Health, NIH); pelo Programa Especializado em Excelência de Pesquisa (Specialized Program of Research Excellence, SPORE) do NIH sobre câncer de mama [P50CA116201] concedido à Mayo Clinic; e pelo Programa Paul Calabresi em Pesquisa Clínica/Translacional na Mayo Clinic [2K12CA090628-21].

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Sobre o Centro de Câncer da Mayo Clinic

Designado como um centro de câncer abrangente pelo National Cancer Institute, o Centro de Câncer da Mayo Clinic está definindo novos limites de possibilidades, focando em assistência centrada no paciente, desenvolvimento de novos tratamentos, treinamento das futuras gerações de especialistas em câncer e em trazer a pesquisa do câncer para as comunidades. No Centro de Câncer da Mayo Clinic, uma cultura de inovação e colaboração está impulsionando avanços importantes em pesquisa que estão mudando as abordagens de prevenção, rastreamento e tratamento do câncer, além de melhorar a vida dos sobreviventes da doença.

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Sobre o consórcio CARRIERS

O consórcio CARRIERS é um grupo de 17 grandes estudos epidemiológicos nos EUA com foco em mulheres da população em geral que desenvolvem câncer de mama. O CARRIERS tem como objetivo melhorar a compreensão dos fatores de risco genéticos e ambientais para o câncer de mama usando informações dos participantes desses estudos. O CARRIERS é financiado pelos subsídios R01CA192393 e R35CA253187 dos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health) e pela Fundação de Pesquisa do Câncer de Mama (Breast Cancer Research Foundation) dos EUA.

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Kelley Luckstein, Comunicações da Mayo Clinic, newsbureau@mayo.edu