ROCHESTER, Minnesota (EUA) — A obesidade e suas questões cardiometabólicas associadas são uma grande preocupação de saúde em todo o mundo. Pessoas com obesidade grave e uma variante genética específica correm maior risco de pressão alta, descobriu um estudo da Mayo Clinic.
A obesidade traz um risco maior de doença cardiovascular, incluindo AVC, insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio. Felizmente, a obesidade é uma doença multifatorial resultante de uma desregulação do equilíbrio de energia muitas vezes é um fator de risco modificável para doenças cardiovasculares.
“O peso corporal é regulado por diversas interações complicadas entre hereditariedade e fatores ambientais”, afirma a Dra. Lizeth Cifuentes, pesquisadora em gastroenterologia da Mayo Clinic. “Estima-se que a hereditariedade da obesidade entre 40 e 70 por cento, mas apenas 10 por cento dos casos de ocorrência precoce de obesidade mórbida são causados por variantes genéticas.”
Essas variantes devem-se principalmente a mutações recessivas em genes da via leptina-melanocortina, uma via essencial para regular a ingestão de alimentos e o peso corporal. Essas variantes genéticas são mais prevalentes em cerca de 6 por cento das crianças e 2,5 por cento dos adultos com ocorrência precoce de obesidade mórbida.
A Dra. Cifuentes e colegas do Programa de Medicina de Precisão contra Obesidade da Mayo Clinic queriam estudar as diferenças em fatores de doenças cardiovasculares e doenças em pacientes com histórico de obesidade mórbida, com ou sem variantes genéticas nessa via. “Entender o efeito dessas variantes na saúde cardiovascular ajudaria os médicos a lidar com os fatores de risco modificáveis para seus pacientes com obesidade mórbida”, explica ela.
Para isso, eles conduziram um estudo transversal de participantes do Biobanco da Mayo Clinic com histórico de obesidade mórbida, definida como um índice de massa corporal de 40 ou acima, ou que fizeram cirurgia bariátrica e realizado genotipagem na via leptina-melanocortina hipotalâmica. O Biobanco da Mayo Clinic consiste em uma coleção de amostras médicas (incluindo sangue e derivados de sangue) e de informações de saúde doadas por pacientes da Mayo Clinic e usadas em pesquisas contínuas sobre saúde.
No total, foram identificados 168 portadores da variante genética MC4R, e a equipe de pesquisa da Mayo descobriu que os portadores apresentavam maior risco de hipertensão e relatavam mais fatores de risco cardiovascular comparados com os 2039 não portadores. “O ajuste de idade, sexo e índice de massa corporal, que poderiam influenciar no risco cardiovascular, não afetou nossas descobertas de que portadores apresentaram maior prevalência de hipertensão”, relata o Dr. Andres Acosta, Ph.D., pesquisador líder no laboratório de Medicina de Precisão contra Obesidade.
Os portadores da variante MC4R não apresentaram maior incidência de doença cardiovascular ou óbito, de acordo com as descobertas que foram relatadas em um artigo da revista médica Mayo Clinic Proceedings. “Nossa expectativa era de maior prevalência de hipertensão, já que o ganho de peso em excesso prevê o desenvolvimento da doença”, explica o Dr. Acosta, autor sênior do estudo.
A Dr. Cifuentes, primeira autora do estudo, conta que os pesquisadores ficaram surpresos por não haver uma relação consistente com doença cardiovascular. “Considerando a complexidade das vias causais das doenças cardiovasculares, simplesmente pode haver uma quantidade significativa de dados confusos não medidos em nossas análises”, declara ela.
A importância do estudo para os médicos é reconhecer que os pacientes com obesidade que realizam genotipagem e possuem variantes heterozigóticas na via leptina-melanocortina podem não estar protegidos da hipertensão, como se acreditava anteriormente. “Esses pacientes podem precisar de atenção mais rigorosa em relação aos fatores de risco modificáveis para hipertensão, incluindo tratamentos eficazes individualizados contra obesidade”, diz a Dra. Cifuentes.
Pessoas com as variantes genéticas podem ter tido obesidade desde a infância, mas a duração não foi documentada na coorte estudada pelos pesquisadores da Mayo, e mais estudos são necessários para determinar o risco a longo prazo de obesidade e doenças cardiovasculares em pessoas com variantes genéticas.
Entre as limitações do estudo está o fato de que a raça autodeclarada entre os participantes da coorte do Biobanco da Mayo Clinic foi 90 por cento branca, o que significa que a generalização dos resultados para outras populações pode ser limitada.
O trabalho do Dr. Acosta é subsidiado pelos National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA), pelo Biobanco da Mayo Clinic e pela empresa farmacêutica Rhythm Pharmaceuticals para os estudos de genotipagem. Os autores declararam não haver conflitos de interesses. O Biobanco da Mayo Clinic é subsidiado pelo Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic.
Consulte o artigo para ver a lista completa de autores, financiamentos, conflitos de interesses e esclarecimentos. Para obter mais informações, consulte o blog do Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic.
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