Entendendo a terapia celular CAR-T e seus possíveis efeitos colaterais
JACKSONVILLE, Flórida — A imunoterapia aproveita o sistema imunológico do corpo para lutar contra o câncer. A terapia de células T com receptor de antígeno quimérico (terapia celular CAR-T) é uma forma de imunoterapia na qual os profissionais de saúde removem as células T de uma pessoa, os glóbulos brancos do sangue conhecidos como linfócitos que estão envolvidos na resposta do sistema imunológico, e fazem a modificação genética para produzir receptores de antígenos quiméricos (CARs). Então, essas células CAR-T são devolvidas à corrente sanguínea do paciente, onde atacam e matam as células cancerígenas.
"A terapia celular CAR-T está entre as áreas mais promissoras para o tratamento de câncer, com muitas histórias de sucesso ao redor do mundo", explica o Dr. Mohamed Kharfan Dabaja, hematologista e oncologista da Mayo Clinic. "Ela deu uma esperança para pacientes que tinham opções limitadas."
Quem pode receber a terapia celular CAR-T?
A Administração Federal de Medicamentos dos EUA aprovou a terapia celular CAR-T para tratar os seguintes tipos de câncer do sangue:
- Precursor de células B, adulto e pediátrico – leucemia linfoblástica aguda (LLA)
- Linfoma difuso de grandes células B (LDGCB)
- Linfoma de grandes células B mediastinal primário
- Linfoma de grandes células B transformado a partir de linfoma folicular
- Linfoma de células B de alto grau
- Linfoma de células B agressivo sem especificação
- Linfoma de células do manto
- Linfoma folicular
- Mieloma múltiplo
As pessoas que receberam esses diagnósticos, cuja doença não respondeu ao tratamento (refratário) ou cuja doença tenha reincido, podem estar aptas para a terapia celular CAR-T. Os pacientes devem passar por uma avaliação completa para determinar se a terapia celular CAR-T é a melhor opção de tratamento.
Quanto tempo leva para a conclusão da terapia celular CAR-T?
O processo de terapia celular CAR-T é complexo e dura muitas semanas. A maioria das pessoas tem reação às células CAR-T. Elas podem precisar ficar no hospital para receber monitoramento e cuidados.
"As pessoas que planejam receber a terapia celular CAR-T devem ter a predisposição de permanecer no hospital depois da infusão das células por muitos dias para que a equipe de saúde possa monitorar a resposta à terapia", explica o Dr. Kharfan Dabaja.
Quais são os possíveis efeitos colaterais da terapia celular CAR-T?
Ainda que os efeitos colaterais da terapia CAR-T em geral sejam reversíveis, o Dr. Kharfan Dabaja explica que eles podem incluir:
- Síndrome de tempestade de citocina (STC): A síndrome de liberação de citocina é um dos efeitos colaterais mais comuns da terapia celular CAR-T e é acionada pela resposta imunológica que ocorre quando as células T modificadas são introduzidas na corrente sanguínea do paciente. Conforme as células T começam a atacar as células cancerígenas, elas liberam um grande número de citocinas, que são proteínas que podem causar uma reação exagerada do sistema imunológico. Isso pode levar à febre, baixa pressão arterial, dor muscular e outros sintomas semelhantes a uma gripe. Em casos graves, a STC pode causar falência de órgãos e pode até ser fatal. A maioria dos sintomas relacionados à STC podem ser gerenciados com medicamentos e monitoramento minucioso.
- Neurotoxicidade: Alguns pacientes podem sofrer um efeito neurológico conhecido como neurotoxicidade depois de receber a terapia celular CAR-T. O efeito pode ser uma condição potencialmente perigosa na qual a resposta imunológica ao tratamento afeta o sistema nervoso central. Ainda que a causa exata da neurotoxicidade não seja bem compreendida, alguns estudos sugerem que ela esteja parcialmente relacionada com a gravidade da STC. Os sintomas podem incluir confusão, convulsões e dificuldade para falar ou caminhar. Com o monitoramento minucioso, a maioria dos casos de neurotoxicidade é resolvida sem efeitos colaterais de longo prazo.
- Distúrbios sanguíneos: A terapia celular CAR-T pode resultar em alterações sanguíneas que podem causar anemia, trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) e outros distúrbios sanguíneos. Geralmente, esses efeitos acontecem em um curto período e se resolvem ao longo do tempo, mas eles podem ser mais graves em alguns pacientes.
- Infecções: As pessoas que recebem terapia celular CAR-T podem ter maior risco de infecções, especialmente durante as primeiras semanas após o tratamento, quando o sistema imunológico trabalha mais do que o normal para lutar contra o câncer. As pessoas com baixa contagem de glóbulos brancos podem ter maior risco de infecções por algum tempo. Elas devem ser monitoradas de perto quanto a sinais de infecção, inclusive febre, calafrios e uma sensação geral de mal-estar.
- Efeitos colaterais em longo prazo: Dado que a terapia celular CAR-T seja relativamente nova, os profissionais de saúde ainda não sabem qual é o espectro completo dos efeitos colaterais em longo prazo.
O Dr. Kharfan Dabaja encoraja as pessoas que estão pensando em fazer a terapia celular CAR-T a conversar com as equipes de saúde sobre os possíveis riscos, benefícios e outras preocupações relacionadas com a saúde em longo prazo. Ele também recomenda fazer a avaliação para a terapia celular CAR-T em um centro de câncer abrangente.
“Se o paciente considera que ele ou algum de seus entes queridos pode ser candidato para a terapia, deve entrar em contato com uma equipe de saúde que tenha experiência no tratamento com a terapia CAR-T em muitos pacientes”, explica o Dr. Kharfan Dabaja.
Este artigo foi originalmente publicado no blog do Centro de Câncer da Mayo Clinic.
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