Conjunto de 17 genes associado com a remissão após tratamento para câncer de mama triplo negativo

ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic descobriram um padrão distinto em um conjunto específico de 17 genes que pode estar associado com a remissão após o tratamento para câncer de mama triplo negativo. O estudo de multiômica, publicado na revista Breast Cancer Research, destaca o potencial para investigação adicional desse conjunto como um tópico para a medicina individualizada. 

Cerca 10 a 15 por cento dos cânceres de mama, pertencem à categoria conhecida “triplo negativo”, o que indica que o crescimento tumoral não é impulsionado pelos receptores hormonais para estrogênio ou progesterona, nem pelo receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2). Ao contrário disso, em outros casos de câncer de mama, há pelo menos um desses receptores, o que possibilita a orientação de tratamentos específicos ou o bloqueio desses receptores para inibir o progresso do câncer. 

O câncer de mama triplo negativo é conhecido por sua resistência a terapias direcionadas, o que torna a quimioterapia a principal opção de tratamento. Embora a maioria das pacientes inicialmente responda positivamente à quimioterapia neoadjuvante, cerca de 20% enfrentarão recorrência após o tratamento. 

“É essencial desenvolver ferramentas que ajudem os médicos a tomarem decisões de tratamento fundamentadas”, explica a Dra. Krishna Rani Kalari, autora principal do estudo e professora associada de informática biomédica no Centro de Medicina Individualizada. “Esse conjunto de 17 genes é uma das ferramentas com potencial. Porém, para que esse conjunto tenha utilidade clínica, é necessário realizar outros estudos para avaliar se medicamentos alternativos/combinações de medicamentos podem funcionar neste grupo de pacientes”. 

Decodificação do modelo de 17 genes

No estudo, os pesquisadores investigaram amostras de tumor antes e após o tratamento das pacientes com câncer de mama triplo negativo que não responderam a quimioterapia neoadjuvante. Com o uso das tecnologias de multiômica e aprendizado de máquina, eles examinaram as alterações na expressão genética para entender as estruturas moleculares que suscitavam a recorrência do tumor. 

A multiômica é um campo multidisciplinar emergente das ciências biológicas que engloba a genômica, a proteômica, a epigenômica, a transcriptômica, a metabolômica e muito mais.    

A equipe identificou 17 genes associados à sobrevivência sem recidiva e constatou que vários desses genes podem desempenhar um papel na ativação da inflamação para iniciar uma resposta do sistema imunológico. A Dra. Kalari explica que a falha para iniciar uma resposta imunológica evita a remoção das células tumorais enfraquecidas, permitindo, desse modo, o desenvolvimento de resistência ao tratamento e a recorrência da doença. 

Busca pela medicina individualizada

O estudo é uma extensão do estudo clínico prospectivo de câncer de mama da Mayo Clinic conhecido como estudo de terapia orientada pelo genoma do câncer de mama (sigla em inglês BEAUTY). O objetivo do estudo é determinar por que alguns tumores das pacientes respondem a quimioterapia e outros não, e usar aquele conhecimento como um catalisador para o desenvolvimento de terapias medicinais personalizadas. 

Em seguida, a equipe planeja fazer novas investigações sobre esse conjunto de genes e testar estratégicas terapêuticas. 

Os coautores principais do estudo são a Dra. Krishna Rani Kalari, a Dra. Judy Boughey e o Dr. Matthew Goetz. Os autores adicionais são a Dra. Xiaojia Tang e o Dr. Kevin Thompson, pesquisadores da Mayo Clinic. Uma lista abrangente de autores, esclarecimentos e financiamento está disponível no estudo

Este artigo foi publicado originalmente no blog do Centro de Medicina Individualizada.

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