Nova plataforma de pesquisa avalia mutações do câncer cerebral durante cirurgia
JACKSONVILLE, Florida — Tratar um câncer cerebral se torna complicado quando ele começa a crescer, e um tipo prevalente, conhecido como glioma, apresenta uma baixa taxa de sobrevivência de cinco anos. Em um novo estudo publicado pela Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores da Mayo Clinic informam sobre uma nova plataforma cirúrgica utilizada durante as cirurgias que fornece informações importantes para a tomada de decisão sobre o tratamento do tumor em questão de minutos. Quando se trata de tumores malignos e agressivos, o tempo se torna um fator crucial.
A plataforma utiliza espectrometria de massa para identificar uma mutação genética chave no câncer cerebral, conhecida como mutações da isocitrato desidrogenase (IDH), em tempo real. A espectrometria de massa é uma técnica sensível utilizada para analisar substâncias em amostras de tecido, incluindo as alteradas pelo câncer.
O estudo incluiu mais de 240 pequenas biópsias teciduais de pacientes submetidos à cirurgia cerebral acordados e adormecidos com suspeita de glioma na Mayo Clinic entre 2021 e 2023, e 137 biópsias adicionais provindas de um colaborador internacional. Os neurocirurgiões coletaram amostras de biópsia do núcleo do tumor para identificar as mutações, assim como das áreas ao seu redor, para avaliar se o tumor havia se espalhado.
Cada amostra de tecido foi colocada em uma lâmina de vidro próxima ao paciente durante a cirurgia. As amostras foram analisadas por meio do espectrômetro de massa, que permitiu aos pesquisadores avaliar rapidamente — em menos de dois minutos — se uma mutação da IDH estava presente.
Os pesquisadores dizem que, além de permitir o diagnóstico em tempo real, a plataforma permite que os cirurgiões determinem o prognóstico de um paciente e realizem a ressecção do tumor para melhorar os resultados do paciente. No futuro, a nova plataforma ajudará os cirurgiões a aproveitar as oportunidades no centro cirúrgico, com o intuito de adaptar o tratamento às características moleculares de um tumor, uma abordagem mais personalizada da medicina.
Os pesquisadores esperam que as novas terapias desenvolvidas para atingir as mutações da IDH possam ser administradas no centro cirúrgico no momento da cirurgia.
"A capacidade de identificar essa mutação durante uma cirurgia cerebral significa que, talvez no futuro, estaremos aptos para tratar os pacientes dessa mutação específica localmente antes que eles saiam do centro cirúrgico", explica o autor sênior do estudo, o Dr. Alfredo Quiñones-Hinojosa, pró-reitor de Pesquisa e chefe do Departamento de Neurocirurgia da Mayo Clinic, na Florida.
"Com isso, conseguiremos trazer a luta contra o câncer para centro cirúrgico, antes do início da quimioterapia e dos tratamentos de radiação, e antes que a doença progrida e se espalhe ainda mais." O Dr. Alfredo Quiñones-Hinojosa é também diretor do Laboratório de Pesquisa de Células Estaminais Tumorais Cerebrais.
No estudo, os pesquisadores foram capazes de diagnosticar mutações no gene IDH com 100% de precisão. Eles também estão realizando mais pesquisas para encontrar outras marcações em tumores onde a mutação está ausente. Além disso, eles planejam ampliar suas descobertas para incluir outros tipos de câncer cerebral.
Este estudo foi apoiado em parte pelo Instituto Nacional do Câncer dos Institutos Nacionais de Saúde sob o número de concessão R33CA240181. Para obter uma lista completa dos autores, financiamentos e divulgações, acesse o artigo.
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