Engenheiros de manufatura da Mayo Clinic estão prestes a entregar novas bioterapias

JACKSONVILLE, Flórida — Engenheiros de manufatura estão na vanguarda de trazer novos medicamentos derivados de fontes humanas, como células, sangue e genes, para os pacientes. Eles produzem o que muitas vezes são bioterapias pioneiras do seu tipo para doenças que anteriormente tinham poucas ou nenhuma opção de tratamento.
"O mais interessante sobre nosso trabalho é poder fazer parte de uma equipe que leva terapias celulares transformadoras para a clínica", diz Kyle Ecker, supervisor de engenharia de biomanufatura avançada na Mayo Clinic, na Flórida. "É extremamente gratificante entender a base científica dessas terapias e vê-las ganhar vida ao fabricar produtos para pacientes individuais."
O Centro de Bioterapêutica Regenerativa da Mayo Clinic conta com 40 engenheiros de manufatura em Rochester e na Flórida. O trabalho deles torna possível que os pesquisadores conduzam estudos que exigem que as células sejam desenvolvidas em um período de tempo muito curto.
Em alguns casos, os engenheiros conseguiram retirar células dos pacientes, fabricá-las e devolvê-las a eles em algumas semanas, ou até menos. A terapia de células T com receptores de antígenos quiméricos (CAR-T) para cânceres de células B, e uma vacina celular para o câncer de ovário, são dois exemplos de bioterapias experimentais fabricadas na Mayo Clinic.
"Nossas equipes de engenharia são muito dedicadas aos pacientes. Elas sabem a importância de seu trabalho, e isso faz com que esses medicamentos sejam fabricados com sucesso, para que possam ser administrados aos pacientes em ensaios clínicos", diz Snigdha Rai, diretora sênior de biomanufatura avançada no Centro de Bioterapêutica Regenerativa. "Sem os engenheiros, não haveria biomanufatura e nem terapias celulares e genéticas para os pacientes."
Os engenheiros de manufatura trabalham dentro de um ambiente laboratorial altamente controlado, conhecido como " sala limpa.” As salas limpas são instalações que operam de acordo com as regulamentações das Boas Práticas de Fabricação atuais (cGMP, sigla em inglês), para garantir que as terapias sejam fabricadas de forma consistente e atendam a rigorosos padrões de qualidade. Esses ambientes controlados possuem poderosos sistemas de purificação para filtrar poluentes como poeira, partículas suspensas no ar, bactérias, fungos e mofo, que poderiam comprometer a segurança dos medicamentos.
A adesão às diretrizes de limpeza rigorosas determina como os engenheiros desempenham seu trabalho. Antes de entrar em uma sala limpa, eles treinam exaustivamente como operar em uma instalação de cGMP sem causar contaminação. Eles executam técnicas para manter tudo extremamente limpo ou estéril, utilizando habilidades de alta destreza, como retirar a tampa de um frasco e colocá-la de volta com uma mão, enquanto a outra mão o preenche com um composto químico.
Eles se vestem com macacões ou com um" terno de coelho " com capuz, óculos de proteção, protetor facial, luvas duplas e capas descartáveis para botas para bloquear qualquer tipo de escape de cabelo ou de células da pele. Após entrarem na sala limpa, seus movimentos são lentos e intencionais.
"Movimentos bruscos ou a rápida abertura das portas poderiam acionar os sensores que monitoram partículas microscópicas", explica Ecker. "Pessoas e materiais devem seguir um caminho específico para evitar qualquer tipo de contaminação. Por exemplo, nos movemos em uma direção, entrando na sala limpa por uma porta, enquanto saímos por uma porta separada."
Os engenheiros de manufatura têm o papel fundamental de serem os primeiros a executar os processos que transformam uma terapia celular e genética de uma descoberta em um medicamento experimental para uso em ensaios clínicos humanos. Eles seguem rigorosamente os procedimentos operacionais padrão — uma espécie de plano — para a produção em massa de uma nova terapia. Dois engenheiros, no mínimo, trabalham juntos o tempo todo para garantir que todas as células sejam processadas de acordo com os padrões regulatórios e de qualidade.
"A equipe trabalha em conjunto em cada etapa do processo. Verificamos o trabalho uns dos outros e mantemos registros detalhados, confirmando que todos os procedimentos foram concluídos", explica a Ph.D. Qing Cindy Shao, engenheira líder de biomanufatura avançada. "Não há margem para erro."
Uma função importante do trabalho é identificar quando um procedimento não funciona conforme o esperado. A terapia é então enviada de volta ao investigador e ao grupo de desenvolvimento de processos para resolver o problema e realizar as mudanças necessárias. As instalações de manufatura presenciais tornam possível lidar com os erros precocemente e resolvê-los rapidamente. Isso ajuda a minimizar os atrasos para os pacientes.
"Nossos engenheiros de manufatura são indispensáveis. Eles trabalham com controle de qualidade, garantia de qualidade e desenvolvimento de processos para garantir que a terapia atenda aos requisitos e seja segura para os pacientes", diz Alina Oancea, gerente de manufatura de cGMP. "Quando os processos funcionam como o esperado, leva-se em torno de duas semanas para fabricar um produto de células CAR-T."
Os turnos dos engenheiros em uma sala limpa podem variar de três a dez horas, dependendo do projeto em que estão trabalhando. Quando finalizam seus procedimentos do dia, eles desligam os equipamentos, limpam o espaço e descartam os resíduos biológicos. O trabalho dos engenheiros desempenha um papel central na estratégia de biomanufatura de novas terapias celulares e genéticas do Centro de Bioterapêutica Regenerativa, além de colaborar com a indústria para torná-las acessíveis aos pacientes ao redor do mundo.
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