Ferramentas de ECG com inteligência artificial podem ajudar médicos a identificar precocemente problemas cardíacos em mulheres que planejam ter filhos

ROCHESTER, Minnesota — Todos os anos, algumas mães morrem após o parto devido a problemas cardíacos, e muitas dessas mortes poderiam ser evitadas. A capacidade de rastrear insuficiência cardíaca antes da gravidez pode desempenhar um papel crucial na identificação de mulheres que podem precisar de cuidados adicionais para melhorar os resultados da gestação. Pesquisadores da Mayo Clinic, liderados pela Dra. Anja Kinaszczuk, especializada em medicina osteopática, e pela Dra. Demilade Adedinsewo, Bacharela em Cirurgia, testaram ferramentas de inteligência artificial (IA), utilizando gravações de eletrocardiograma (ECG) e de um estetoscópio digital, para detectar problemas cardíacos desconhecidos em mulheres em idade fértil atendidas na atenção primária.
Os resultados do estudo, publicado nos Annals of Family Medicine, mostram um alto desempenho diagnóstico dessas tecnologias para detectar uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo abaixo de 50%, indicando fraqueza do músculo cardíaco. Essas ferramentas foram testadas em dois grupos de mulheres com idades entre 18 e 49 anos:
- Grupo 1: 100 mulheres que já estavam com um ecocardiograma agendado (o melhor exame para avaliar a função do músculo cardíaco). Elas também realizaram um ECG clínico padrão e uma gravação com estetoscópio digital da atividade elétrica e dos sons do coração.
- Grupo 2: 100 mulheres atendidas em consultas de rotina na atenção primária para observar com que frequência as ferramentas de IA identificariam problemas cardíacos.
O ECG com inteligência artificial (IA-ECG) apresentou uma área sob a curva (AUC, do inglês Area Under the Curve) de 0,94, enquanto o estetoscópio digital com IA, Eko DUO, alcançou uma AUC ainda maior, de 0,98, indicando uma alta precisão diagnóstica. Na segunda coorte, a prevalência de resultados positivos no rastreamento com IA foi de 1% para o IA-ECG e 3,2% para o estetoscópio com IA.
"Estatisticamente, quase metade das gestações neste país não são planejadas, e aproximadamente de 1% a 2% das mulheres podem ter problemas cardíacos sem saber. Nossas descobertas sugerem que essas ferramentas de IA poderiam ser usadas para rastrear mulheres antes da gravidez, permitindo um melhor planejamento gestacional e estratificação de risco, tratamento precoce e melhores resultados na saúde, resolvendo uma lacuna crítica no cuidado materno atual," afirma a Dra. Adedinsewo, cardiologista e autora sênior do estudo.
Essa pesquisa baseia-se em estudos publicados anteriormente, incluindo um estudo prospectivo piloto que avaliou ferramentas digitais com IA para detectar miocardiopatia relacionada à gravidez entre pacientes obstétricas nos Estados Unidos, e um ensaio clínico randomizado pragmático realizado na Nigéria com mulheres grávidas ou que haviam dado à luz recentemente. Conjuntamente, essa linha de pesquisa destaca o potencial da IA para modernizar o rastreamento cardiovascular, permitindo uma identificação precoce e um manejo da fraqueza do músculo cardíaco em mulheres em idade reprodutiva. Mais pesquisas estão em andamento para explorar o uso potencial dessas tecnologias no rastreamento de insuficiência cardíaca em populações mais abrangentes.
A Mayo Clinic licenciou a tecnologia subjacente para a Eko Health, para uso em seu estetoscópio digital com eletrodos de ECG integrados, e para a Anumana, no caso do ECG de 12 derivações. A Mayo Clinic e alguns dos autores do estudo possuem interesse financeiro nessa tecnologia. Qualquer receita recebida pela Mayo Clinic será utilizada para apoiar sua missão sem fins lucrativos nas áreas de atendimento ao paciente, educação e pesquisa.
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