Descoberta da Mayo Clinic pode significar melhor acesso a mais corações de doadores e melhores resultados em transplantes

Cardiac surgeons working in an operating room

ROCHESTER, Minnesota — Uma nova descoberta feita por pesquisadores da Mayo Clinic pode significar que mais corações de doadores estarão disponíveis para transplante, dando a mais pessoas uma segunda chance de vida. Nas descobertas publicadas na revista Nature Cardiovascular Research, uma equipe liderada pelo cirurgião cardíaco da Mayo Clinic, o Ph. D. e Dr. Paul Tang, identificou um processo biológico que contribui para lesões em corações de doadores durante o armazenamento a frio. Os pesquisadores descobriram que um medicamento já utilizado no tratamento de doenças cardíacas pode prevenir esses danos.

O transplante de coração é o tratamento mais eficaz para a insuficiência cardíaca em estágio terminal, mas menos da metade dos corações doados são, de fato, utilizados. Um dos principais motivos é a janela de tempo relativamente curta para transplantar um coração doado em um paciente, devido a preocupações com o baixo funcionamento do coração do doador após um período prolongado em armazenamento a frio.

Embora o armazenamento a frio desacelere o metabolismo e ajude a preservar o tecido, a exposição prolongada a essas condições pode causar alterações moleculares que comprometem o desempenho do coração após o transplante. Uma das complicações é chamada de disfunção primária do enxerto, na qual o coração transplantado não consegue bombear o sangue de forma eficaz após a cirurgia. Essa complicação pode afetar até 20% dos receptores, em diferentes graus.

Para investigar por que esse dano ocorre, os pesquisadores concentraram-se em uma proteína presente nas células cardíacas chamada receptor de mineralocorticoide, que desempenha um papel importante na forma como as células respondem ao estresse. Durante o armazenamento a frio, eles descobriram que essa proteína passa por um processo no qual se aglomera de uma forma que prejudica as células cardíacas, fenômeno conhecido como separação de fases líquido-líquido. Esse processo favorece os danos ao coração ao aumentar a inflamação e a morte celular, tornando o coração menos propenso a funcionar bem após o transplante.

Para saber se o processo poderia ser evitado, os pesquisadores trataram corações de doadores com um medicamento chamado canrenona, que bloqueia a atividade do receptor de mineralocorticoide. Em corações de doadores humanos armazenados além do tempo habitual, o tratamento com o medicamento quase triplicou a força de bombeamento em comparação com corações armazenados sem ele. Os corações também apresentaram melhor fluxo sanguíneo e menos sinais de lesão celular. Os resultados sugerem que a canrenona pode ajudar a prolongar o período seguro de armazenamento dos corações doados, melhorando sua capacidade de bombeamento e aumentando a probabilidade de um transplante bem-sucedido.

"Como cirurgião cardiovascular, pude presenciar diretamente na sala de cirurgia o quanto cada hora extra de preservação pode impactar diretamente a probabilidade de o coração do doador voltar a funcionar normalmente após o transplante," conta o Dr. Tang. "Essa descoberta pode nos proporcionar uma nova ferramenta para preservar a função cardíaca por mais tempo durante o armazenamento, melhorar os resultados do transplante e ampliar o acesso dos pacientes a transplantes que salvam vidas."

As descobertas do estudo também podem contribuir para avanços na preservação de outros órgãos transplantáveis. Aglomerações proteicas semelhantes foram observadas em rins, pulmões e fígados de doadores durante o armazenamento a frio. Isso sugere que a mesma estratégia pode ajudar a expandir as opções de transplante em vários sistemas de órgãos.

A Clínica Mayo colaborou com a Universidade de Michigan nesta pesquisa. Reveja o estudo para uma lista completa de autores, divulgações e financiamento.

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