Eliminando a necessidade de medicamentos imunossupressores ao longo da vida para pacientes transplantados

ROCHESTER, Minnesota — Embora os medicamentos imunossupressores sejam essenciais para evitar a rejeição de órgãos transplantados, eles também apresentam diversas desvantagens. Eles podem causar efeitos colaterais agressivos, como dores de cabeça e tremores, e aumentar o risco de infecções e câncer. Mas, e se houvesse uma forma de evitar a rejeição de órgãos sem usar esses medicamentos?
Esse objetivo é o que motiva o trabalho do Dr. Mark Stegall, pesquisador de longa data da Mayo Clinic na área de transplantes. Ele lidera uma equipe de pesquisadores que está desenvolvendo terapias inovadoras para prevenir a rejeição de órgãos sem a necessidade de imunossupressão. Um estudo recentemente publicado no American Journal of Transplantation oferece esperança para esses pacientes.
Utilizando células-tronco para prevenir a rejeição de órgãos
A Mayo Clinic participou do ensaio clínico multicêntrico de fase 3 descrito no estudo. O objetivo era verificar se pessoas que recebessem simultaneamente um transplante de rim e de células-tronco de um irmão ou irmã com alta compatibilidade poderiam interromper todos os medicamentos imunossupressores após um ano. Os resultados foram promissores. O estudo revelou que 75% dos participantes conseguiram parar de tomar a medicação por mais de dois anos. Na Mayo Clinic, três pacientes participaram do ensaio, sendo que dois deles estão sem medicamentos imunossupressores há mais de três anos, e um está usando uma dose baixa.
"Trabalho com pesquisa em transplantes há mais de 30 anos e já fizemos muitas coisas incríveis. Mas, no geral, esta pesquisa está no topo. Durante muito tempo, esse foi o objetivo — conseguir suspender com segurança os imunossupressores dos receptores — desde antes mesmo de eu começar nessa área. Estamos muito entusiasmados com isso," afirma o Dr. Stegall, coautor do estudo.
A pesquisa que está sendo feita na Mayo Clinic faz parte de uma tendência crescente na área de transplantes para explorar maneiras de usar terapias celulares para prevenir a rejeição de órgãos. Essa abordagem também é um dos pilares da Iniciativa Transformadora de Transplantes da Mayo Clinic, que tem como meta audaciosa garantir que todas as pessoas que precisem de um transplante possam recebê-lo, e que esses transplantes sejam mais bem-sucedidos.
Para se qualificar para o ensaio clínico, os receptores e doadores de transplante precisavam ser irmãos com tipos de tecido altamente compatíveis. Além do rim, o doador também concordava em doar suas células-tronco ao irmão ou irmã. O receptor recebia o transplante, passava por sessões de radiação e, em seguida, recebia o transplante de células-tronco. O objetivo era retirar gradualmente os imunossupressores ao longo de um ano.
"É quase como se o transplante nunca tivesse ocorrido"
Para Mark Welter, natural de Minnesota, os resultados foram melhores do que ele jamais imaginou. Quatro anos atrás, ele precisou de um transplante de rim devido a uma doença renal policística, uma condição hereditária que causa o crescimento de cistos nos rins. Como paciente da Mayo Clinic, ele se voluntariou para participar do ensaio clínico na esperança de não precisar se preocupar com medicamentos imunossupressores pelo resto da vida. Sua irmã mais nova, Cindy Kendall, prontamente se ofereceu para doar um rim e suas células-tronco para ajudar o irmão.
"Ver ele conseguir parar com esses medicamentos foi algo incrível," diz Cindy. "Agora, ele pode simplesmente viver a vida ao máximo. Ele conseguiu ver as duas filhas se casarem e conhecer os netos."
Mark está sem tomar medicamentos imunossupressores há mais de três anos.
"Estou me sentindo fantástico. Na verdade, me sinto como antes do transplante, o que tem sido o mais incrível de tudo," diz Mark. "É quase como se o transplante nunca tivesse ocorrido."
Ainda há muito trabalho a ser feito para essa linha de pesquisa avançar. O ensaio clínico envolveu apenas irmãos com tipos de tecido altamente compatíveis. Os pesquisadores agora querem saber se os transplantes de células-tronco também podem prevenir rejeição em receptores com doadores menos compatíveis.
"Mesmo entre irmãos com alta compatibilidade, normalmente é necessário manter os imunossupressores pelo resto da vida. Já vimos que parar com a medicação, mesmo após oito a dez anos do transplante, pode levar à rejeição. Nosso objetivo é encontrar maneiras de reduzir ou interromper os imunossupressores após o transplante, para que os pacientes possam ter rins funcionais por mais tempo e com menos efeitos colaterais," diz o Dr. Andrew Bentall, Bacharel em Medicina e Cirurgia, nefrologista especializado em transplantes na Mayo Clinic.
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