Pesquisadores da Mayo Clinic revelam abordagem personalizada para o monitoramento do câncer no cérebro

ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic identificaram uma possível nova forma de monitorar a progressão dos gliomas, um dos tipos mais agressivos de câncer no cérebro. O estudo de viabilidade sugere que um exame de sangue personalizado, adaptado ao DNA tumoral de cada paciente, pode oferecer uma maneira mais rápida e menos invasiva de determinar se o câncer está avançando.
Atualmente, os médicos dependem de exames de imagem e biópsias cirúrgicas para monitorar os gliomas, mas ambos os métodos apresentam limitações. Por exemplo, os exames de imagem geralmente não conseguem distinguir o crescimento do tumor dos efeitos do tratamento, como a inflamação, por exemplo. Já as biópsias exigem procedimentos invasivos, o que as torna pouco viáveis para o acompanhamento de rotina.
Esta nova abordagem, publicada na Clinical Cancer Research, pode fornecer aos médicos mais uma ferramenta para monitorar as alterações do tumor ao longo do tempo e ajustar o tratamento conforme necessário.
As descobertas se concentram em fragmentos de DNA tumoral que circulam no sangue. À medida que os gliomas crescem, algumas células dos próprios gliomas morrem, liberando pedaços de seu DNA na corrente sanguínea e deixando para trás marcadores genéticos únicos do tumor.
No entanto, os gliomas liberam menos fragmentos de DNA no sangue em comparação com muitos outros tipos de câncer. Isso ocorre por causa da barreira hematoencefálica, uma defesa natural do cérebro que impede que muitas substâncias saiam do órgão.
Para superar essa limitação, os pesquisadores focaram nas junções de DNA, um tipo de fragmento de DNA tumoral específico presente em maior quantidade. Ao atingir esses marcadores, os pesquisadores conseguiram alcançar uma maior sensibilidade, permitindo detectar até os menores sinais de progressão do tumor.
Ao contrário do DNA normal, que segue uma sequência estruturada, essas junções de DNA se formam quando o material genético do tumor se quebra e se reorganiza. O estudo descobriu que essas junções de DNA amplificadas, por estarem presentes em maior quantidade, podem fornecer uma visão mais clara da progressão da doença.
"Essa pesquisa é fruto de anos de estudo sobre rearranjos genéticos e aprofunda nosso conhecimento sobre os mecanismos moleculares que impulsionam os gliomas," diz o autor principal, o Ph. D. George Vasmatzis, codiretor do Programa de Descoberta de Biomarcadores no Centro de Medicina Personalizada da Mayo Clinic e no Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic. "Ela abre novas possibilidades para o monitoramento personalizado dos pacientes e intervenções direcionadas."
No estudo, os pesquisadores analisaram amostras de pacientes com gliomas de alto grau. Eles utilizaram o sequenciamento completo do genoma para mapear o perfil genético único de cada tumor e identificar junções de DNA específicas de cada paciente. Em seguida, desenvolveram exames de sangue personalizados para buscar esses marcadores genéticos no plasma.
O exame detectou DNA tumoral em aproximadamente 93% dos casos em que essas junções de DNA estavam presentes. Em alguns pacientes, os níveis de DNA tumoral no sangue aumentaram antes mesmo de qualquer alteração ser observada nas imagens de ressonância magnética — oferecendo um possível sinal precoce de progressão da doença.
Conectando pesquisas de ponta à prática clínica, o Dr. Vasmatzis e o Ph. D. e Dr. Terry Burns, neurocirurgião na Mayo Clinic em Rochester, Minnesota, colaboraram nessa pesquisa.
"Rastreando a assinatura molecular única de cada tumor, nosso objetivo é mudar de uma abordagem reativa para uma muito mais proativa," afirma o Dr. Burns, coautor do estudo. "Esta pesquisa pode estabelecer as bases para ferramentas que ajudem os médicos a tomar decisões terapêuticas mais bem informadas o quanto antes."
Estudos futuros avaliarão o quão bem o rastreamento tumoral via sangue se correlaciona com a progressão dos gliomas em um grupo maior de pacientes.
Reveja o estudo para uma lista completa de autores, divulgações e financiamento.
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