Pesquisa em fase inicial da Mayo Clinic encontra na terapia com células-tronco uma perspectiva para fístula perianal em pacientes com doença de Crohn
ROCHESTER, Minnesota — Um plugue absorvível entregou terapia com células-tronco com poucos efeitos colaterais em pacientes com fístulas perianais de trato único, segundo descoberta de pesquisadores da Mayo Clinic. As fístulas perianais são túneis dolorosos entre o intestino e a pele. Em geral, elas não desaparecem sem o tratamento clínico padrão ou cirúrgico. Pessoas com doença de Crohn ou outras condições inflamatórias intestinais estão sob risco mais elevado para esta condição.
Em um ensaio clínico prospectivo de fase 1, os pesquisadores retiraram células-tronco de um tecido gorduroso do próprio paciente e colocaram em um plugue bioabsorvível que foi cirurgicamente implantado para fechar o trato da fístula anal. Eles acompanharam os pacientes por um ano e relataram os resultados da pesquisa inicial na revista Diseases of the Colon & Rectum.
“Neste estudo inicial, nossa equipe documentou a cura das fístulas de trato único,” afirma o Dr. Eric Dozois, cirurgião colorretal e primeiro autor do estudo. “Em meus 20 anos de experiência clínica, nossa pesquisa em fístula sugere que estamos nos aproximando de um modelo de tratamento.”
Até 26% das pessoas com doença de Crohn desenvolverão fístula perianal. Na maioria das vezes, ela começa com uma infecção dentro do canal anal e progride até um abcesso que às vezes requer cirurgia. Caso não sejam tratadas, as fístulas perianais vazam material fecal e podem levar a uma colostomia permanente e, em alguns casos, a um câncer. Uma colostomia é uma abertura cirúrgica no abdômen que contorna o cólon danificado para livrar o corpo de resíduos sólidos. As fístulas perianais podem gerar desafios em termos de qualidade de vida, como a necessidade de usar uma proteção para as roupas e para evitar odores.
“As fístulas perianais são uma condição médica complexa que, mesmo com a reparação cirúrgica, elas podem reaparecer causando muito sofrimento para os pacientes,” afirma o Dr. William Faubion Jr., gastroenterologista e autor sênior do estudo. “Nossa expectativa com esta pesquisa é o avanço da terapia baseada em célula em direção aos cuidados clínicos diários que seriam de fácil implantação na sala cirúrgica e oferecer uma nova opção para pacientes com necessidades ainda não atendidas.”
A pesquisa
A equipe de pesquisa extraiu células-tronco mesenquimais de tecidos adiposos (gordura) de 20 pacientes com fistulas perianais que não responderam ao tratamento clínico padrão ou cirúrgico. As células-tronco mesenquimais são células-tronco adultas, com potencial de cura, mas que ainda não foram bem estudadas. Após multiplicar as células-tronco no laboratório, a equipe combinou as células com um plugue criado a partir de material absorvível. O plugue foi implantado cirurgicamente para fechar o trato da fístula anal. Então, os pacientes foram monitorados 7 vezes em 12 meses com o foco na investigação da segurança. Os pesquisadores também estudaram se a intervenção do tratamento levou à cura clínica que poderia ser confirmada pelo exame de imagem do tecido profundo.
A equipe do Dr. Dozois documentou a cura completa de 14 pacientes em 6 meses e de 13 pacientes em 1 ano. 3 pacientes retiraram-se pelos mais variados motivos ao longo do ensaio clínico.
4 pacientes relataram efeitos colaterais, como infecções, que necessitaram de admissão hospitalar ou drenagem cirúrgica de um abscesso. 12 participantes apresentaram reações consideradas leves, como vermelhidão, febre ou náusea.
De acordo com as descobertas, a equipe do Dr. Dozois recomenda o estudo mais detalhado do plugue da fístula revestido de células-tronco com tamanhos de amostras maiores e mais tipos de fístulas. Se tudo correr bem, a aprovação deste procedimento poderia levar 2 ou 3 anos para uso como cuidado clínico de rotina.
Dr. Dozois, Dr. Faubion e a Mayo Clinic têm interesses financeiros na tecnologia do plugue regenerativo da fístula. Qualquer lucro que a Mayo Clinic obtenha a partir de seus projetos comerciais são reinvestidos nas iniciativas de pesquisa e educação da Mayo.
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