Cientistas da Mayo Clinic criam ferramenta para prever risco de Alzheimer anos antes do início dos sintomas

ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram uma nova ferramenta capaz de estimar o risco de uma pessoa desenvolver problemas de memória e pensamento associados à doença de Alzheimer anos antes do aparecimento dos sintomas. A pesquisa, publicada na The Lancet Neurology, baseia-se em décadas de dados do Estudo sobre o Envelhecimento da Mayo Clinic — um dos estudos populacionais mais abrangentes do mundo sobre a saúde do cérebro.

O estudo descobriu que as mulheres têm um risco vitalício maior do que os homens de desenvolver demência e comprometimento cognitivo leve (CCL), um estágio de transição entre o envelhecimento saudável e a demência que frequentemente afeta a qualidade de vida, mas ainda permite que as pessoas vivam de forma independente. Homens e mulheres com a variante genética comum APOE ε4 também apresentam um risco vitalício mais elevado.

Prevendo a doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é caracterizada por duas proteínas-chave no cérebro: a amiloide, que forma placas, e a tau, que forma emaranhados. Medicamentos aprovados recentemente pela Food and Drug Administration (FDA) removem a amiloide do cérebro e podem desacelerar a taxa de progressão da doença em pessoas com CCL ou demência leve.

Dr. Clifford Jack, Jr.

"O que é empolgante agora é que estamos olhando ainda mais cedo — antes do aparecimento dos sintomas — para ver se conseguimos prever quem pode estar em maior risco de desenvolver problemas cognitivos no futuro," afirma Clifford Jack, Jr., M.D., radiologista e autor principal do estudo.

O novo modelo de previsão combinou vários fatores, incluindo idade, sexo, risco genético associado ao genótipo APOE e níveis de amiloide cerebral detectados em exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET). Utilizando esses dados, os pesquisadores podem calcular a probabilidade de um indivíduo desenvolver CCL ou demência dentro de 10 anos ou ao longo da vida prevista. Entre todos os preditores avaliados, os níveis de amiloide cerebral detectados nos exames de PET foram o preditor com maior impacto sobre o risco vitalício de desenvolver tanto CCL quanto demência.

Dr. Ronald Petersen

"Esse tipo de estimativa de risco pode, eventualmente, ajudar as pessoas e seus médicos a decidirem quando iniciar um tratamento ou fazer mudanças no estilo de vida que possam retardar o aparecimento dos sintomas. É semelhante à forma como os níveis de colesterol ajudam a prever o risco de ataque cardíaco," explica coautor Ronald Petersen, M.D., Ph.D., neurologista e diretor do Estudo sobre o Envelhecimento da Mayo Clinic.

A pesquisa se destaca porque se baseia no Estudo sobre o Envelhecimento da Mayo Clinic, um estudo de longa duração conduzido no condado de Olmsted, Minnesota, que acompanha milhares de residentes ao longo do tempo. A análise deste estudo incluiu dados de 5.858 participantes. Diferentemente da maioria dos estudos, os pesquisadores da Mayo são capazes de continuar acompanhando os participantes mesmo após eles deixarem de participar ativamente do estudo, utilizando dados de prontuários médicos — o que garante informações quase completas sobre quem desenvolve declínio cognitivo ou demência.

Dr. Terry Therneau

"Isso nos oferece uma visão singularmente precisa de como o Alzheimer se desdobra na comunidade," diz Terry Therneau, Ph.D., responsável pela análise estatística e autor sênior do estudo. "Descobrimos que a taxa de incidência de demência foi duas vezes maior entre as pessoas que abandonaram o estudo do que entre aquelas que continuaram participando."

O estudo destaca a importância do CCL, que é o estágio-alvo dos medicamentos atuais para Alzheimer que retardam mas não interrompem a progressão da doença.

Embora a nova ferramenta seja atualmente um instrumento de pesquisa, ela representa um grande avanço em direção a um cuidado mais personalizado. Versões futuras poderão incorporar biomarcadores sanguíneos, o que pode tornar os testes mais acessíveis.

O trabalho contou com o apoio do Instituto Nacional do Envelhecimento (NIA), da GHR Foundation, da Gates Ventures e da Alexander Family Foundation.

A pesquisa faz parte de um esforço mais amplo da Mayo Clinic, chamado iniciativa Precure, que tem como foco o desenvolvimento de ferramentas que capacitem os médicos a prever e interceptar processos biológicos antes que eles evoluam para doenças ou progridam para condições complexas e de difícil tratamento.

"Em última análise, nosso objetivo é dar às pessoas mais tempo — tempo para planejar, agir e viver bem antes que os problemas de memória se instalem," diz o Dr. Petersen.

Reveja o estudo para uma lista completa de autores, divulgações e financiamento.

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