JACKSONVILLE, Florida, 21 de junho de 2012 — Uma molécula, que muitos acreditavam ser uma combatente de vários tipos de câncer, na verdade ajuda tumores fatais da tireoide a crescer. E novas terapias contra o câncer que estão sendo testadas em humanos, no momento, podem impulsionar a atividade dessa recém-descoberta vilã, dizem pesquisadores da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida. Suas descobertas foram publicadas na edição online deste mês do Journal of Cell Science.
estudo concluiu que, no caso de câncer anaplásico da tireoide, o fator de transcrição Forkhead (FOXO3a) não é o prestimoso supressor de tumores que todos pensavam que era, mas, em vez disso, é um promotor letal de crescimento do tumor. Quando o FOXO3a era paralisado, em modelos de laboratório de câncer anaplásico de tireoide humano, as células cresciam vagarosamente. Mas quando ele era ativado, elas cresciam muito mais rapidamente.
"O resultado foi exatamente o oposto do que esperávamos", diz o autor sênior do estudo John Copland, biólogo do câncer da Clínica Mayo. (Something mi (Something "Ficamos mais do que surpresos. Ficamos preocupados", ele conta.
O FOXO3a é conhecido como um supressor do crescimento de tumores porque ele responde a todas as formas de estresse das células, incluindo o que é produzido em casos de câncer, por ativar genes dentro do núcleo que provocam a morte da célula. Sabe-se que o câncer, por sua vez, desativa o FOXO3a ao mandá-lo para fora do núcleo e para dentro do citoplasma da célula, onde ele é degradado. A molécula que leva o FOXO3a para fora do núcleo é a Akt, que tenta manter vivas as células do câncer.
A equipe de pesquisa usou um bloqueador da Akt — similar aos que estão sendo usados agora em estudo clínicos do câncer humano — esperando aumentar o FOXO3a nuclear e suprimir o crescimento do câncer anaplásico da tireoide. Os pesquisadores estavam tentando encontrar um tratamento para um dos tipos conhecidos de câncer mais fatais, que responde por apenas 2% dos casos de câncer de tireoide nos Estados Unidos, mas é responsável por cerca de 40% das mortes causadas por câncer de tireoide.
"O problema que estamos atacando é a inexistência de tratamento eficaz para esse tipo de câncer. Esses tumores são muito agressivos porque são muitas as anormalidades genéticas", diz o coautor do estudo Robert Smallridge, endocrinologista da Mayo que trata de pacientes com câncer de tireoide. "Estamos estudando o que promove esse câncer e como ele pode ser tratado", afirma.
O estudo mostrou que o FOXO3a permaneceu no núcleo, com o uso de um inibidor da Akt, mas em vez de ajudar a matar as células cancerosas, o FOXO3a estava ajudando a acelerar o crescimento delas. Isso traz preocupações quanto o uso de inibidores da Akt, visto que um dos mecanismos de combate ao câncer é forçar o FOXO3a a permanecer ativo no núcleo.
"Descobrimos que há um comutador biológico que converte o FOXO3a do lado do bem para o lado do mal, mas ainda não sabemos o que é ou em que tipos de câncer isso pode acontecer", diz a principal pesquisadora do estudo Laura Marlow, bióloga da Mayo.
"Pesquisadores do câncer, incluindo os que estão testando inibidores da Akt, deveriam saber que o FOXO3a tem uma atividade pró-câncer, ao mesmo tempo que tem propriedades anticâncer", diz John Copland. "Deve existir a preocupação de que um inibidor da Akt irá melhorar a retenção do FOXO3a no núcleo, fazendo com que o FOXO3a permaneça ativo".
Mas restou uma certa esperança em relação a uma potencial terapia para o câncer. Os pesquisadores descobriram que o FOXO3a ativa um certo gene, a ciclina A1, que promove o crescimento das células de câncer. Uma outra integrante da família de ciclinas — a ciclina A2 — é um oncogene bem conhecido. Mas, antes deste estudo, ninguém havia demonstrado que a ciclina A1 faz a mesma coisa que a ciclina A2, diz Peter Storz, biólogo da Mayo e coautor do estudo.
"Ela não é muito expressada em tecidos humanos e descobrimos que é altamente expressada em câncer anaplásico de tireoide", diz Robert Smallridge. "E isso sugere que um ataque à ciclina A1 pode ser uma possível estratégia de tratamento do câncer anaplásico de tireoide", declara.
O estudo foi financiado em parte pelos Institutos Nacionais de Saúde/Instituto Nacional do Câncer, pelo Comitê de Pesquisa da Clínica Mayo, pelo Programa de Pesquisa do Câncer Bankhead-Coley do Departamento de Saúde da Flórida, por uma doação de Alfred D. e Audrey M. Petersen, por uma verba para pesquisa de tipos raros de câncer de Dr. Ellis e Dona Brunton e por Fundos de Pesquisa Institucional da TGen.
São coautores do estudo Christina von Roemeling; Simon Cooper, Ph.D.; Yilin Zhang; Stephen Rohl; Han Tun, M.D.; e Heike Doeppler, todos da Clínica Mayo de Jacksonville; Shilpi Arora, Ph.D.; Irma Gonzales, Ph.D.; e David Azorsa, Ph.D., todos do "Translational Genomics Research Institute (TGen)"; e Honey Reddi, Ph.D., da Clínica Mayo de Rochester, Minnesota.
Para mais informações sobre tratamento de câncer da tiroide e outro tipos de câncer na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.
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