ROCHESTER, Minnesota — Pesquisadores do Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic criaram uma técnica de imunoterapia que combina terapia de células T com receptor de antígeno quimérico, ou terapia celular CAR-T, com um vírus que mata o câncer para direcionar melhor o alvo e tratar com mais eficiência tumores de câncer sólidos.
A abordagem combinada, publicada na Science Translational Medicine, envolve o carregamento de células CAR-T, que são projetadas para procurar antígenos em células de câncer, com um vírus oncolítico. Vírus oncolíticos são vírus que ocorrem naturalmente e que podem infectar e romper células de câncer. Eles se reproduzem naturalmente em células de câncer ou podem ser projetados para selecioná-las como alvo.
O estudo sugere que as células CAR-T podem transmitir o vírus oncolítico ao tumor. Então, o vírus pode se infiltrar nas células do tumor, se replicar até rompê-las e estimular uma resposta imune potente.
“Essa abordagem permite que o tumor seja morto pelo vírus e pelas células CAR-T”, explica o Dr. Richard Vile (Ph.D.), colíder do Programa de Terapia de Genes e Vírus do Centro de Câncer da Mayo Clinic e Professor da Richard M. Schulze Family Foundation. “Além disso, quando o vírus é transmitido, ele transforma o tumor em um ambiente muito inflamado, e então o próprio sistema imune do paciente o reconhece e começa atacá-lo”.
A estratégia terapêutica aborda dois desafios principais que tornam tumores sólidos difíceis de tratar somente com a terapia celular CAR-T. Primeiro, o vírus oncolítico pode quebrar a proteção molecular que alguns tumores sólidos usam para evitar o ataque do sistema imunológico. E segundo, o vírus pode invadir o núcleo das células de câncer, algo quase impossível para as células do sistema imune, que frequentemente perdem seu poder durante a tentativa.
Os pesquisadores também descobriram que a abordagem combinada oferece um fenótipo de memória imune contra o tumor.
“Ao colocar o vírus na CAR-T, nós as ativamos contra o vírus e o tumor e eles adquirem memória imunológica”, diz o Dr. Vile. “Isso nos permite dar um estímulo com o vírus em um momento posterior, o que em retorno faz com que as células CAR-T se reativem e realizem rodadas adicionais para matar o tumor”.
Usando modelos de camundongos, o Dr. Vile e sua equipe administraram a terapia dupla de maneira intravenosa para tratar glioma de alto grau em pacientes adultos e pediátricos, assim como melanoma na pele. Eles descobriram que a terapia combinada levou a altas taxas de cura em tumores em diversos locais sem causar toxicidade significativa. Eles também descobriram que isso resultou em uma proteção evidente para camundongos já curados contra a reincidência do tumor.
“Clinicamente, administrar a terapia de maneira sistemática é uma vantagem em potencial porque é possível tratar pacientes com doença metastática sem ter que injetar em cada tumor”, explica o Dr. Vile.
Em seguida, o Dr. Vile destaca a importância de ter cautela sobre quão bem os estudos de câncer em modelos de animais serão traduzidos em tratamentos para os pacientes.
“Entretanto, temos esperança de que seremos capazes de transformar essa estratégia em ensaios clínicos em um ou dois anos”, diz o Dr. Vile. “Ao realizar tais ensaios na Mayo Clinic, será possível ver se podemos adicionar mais um nível de eficácia à terapia celular CAR-T no tratamento de tumores sólidos de diferentes tipos”.
Agradecimentos
Este trabalho foi financiando parcialmente por Fraternal Order of Eagles Cancer Research Fund, Fellowship Program, The European Research Council, The Richard M. Schulze Family Foundation, Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic, empreendimentos da Mayo Clinic, NIH (R01CA175386, R01CA108961, P50 CA210964 para R.G. Vile), um subsídio de Terry e Judith Paul, e um subsídio para pesquisa da Oncolytics Biotech Inc. Os sálarios de A. Huff e C. Driscoll receberam suporte parcial do subsídio T32 AI132165 do National Institutes of Health.
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Susan Murphy, Relações Institucionais da Mayo Clinic, newsbureau@mayo.edu