Estudo descobre que células imunes senescentes promovem crescimento de tumor no pulmão
ROCHESTER, Minnesota — Os macrófagos são um tipo de glóbulo branco na primeira linha de defesa do corpo contra infecções. Além de matar os microorganismos prejudiciais, os macrófagos costumam iniciar a resposta contra os tumores. Porém, os macrófagos, assim como outras células, podem entrar em um estado conhecido como senescência, que está ligado ao envelhecimento, a doenças e a diversos problemas fisiológicos.
Quando as células se tornam senescentes, elas param de se dividir, mas não morrem e nem sempre são eliminadas do corpo. Elas podem permanecer no organismo, ir se acumulando nos tecidos e podem secretar moléculas prejudiciais. É por isso que as células senescentes são chamadas de "células zumbi". O motivo pelo qual as células saudáveis se tornam senescentes não é bem entendido.
Em um novo estudo sobre células cancerígenas, pesquisadores descobriram macrófagos senescentes que além de permanecer no pulmão, também promoviam o crescimento de tumores.
"Conceitualmente, a ideia de que um macrófago possa se tornar senescente e promover o crescimento de tumores é algo inesperado", declara o Dr. Darren Baker (Ph.D), biólogo de células senescentes da Mayo Clinic e autor sênior do estudo. "Essa descoberta nos aproxima mais um passo para entender melhor como os tumores e os tipos de câncer se formam no nível celular."
O Dr. Baker e seus colegas descobriram que os macrófagos senescentes parecem bloquear o sistema imunológico para que ele não consiga responder e eliminar o crescimento anormal das células. É esse crescimento que causa um tumor.
"Por meio de diferentes experimentos e análises, conseguimos distinguir entre esses macrófagos senescentes e outros macrófagos. Descobrimos que se os eliminarmos através de abordagens genéticas ou farmacológicas, retardamos a formação do tumor", explica o autor principal, Dr. Luis Prieto (Ph.D.), pós-doutorando com formação recente na Escola de Pós-Graduação de Ciências Biomédicas da Mayo Clinic.
Os pesquisadores argumentaram que as células pré-cancerígenas se comunicavam com as células ao redor, incluindo os macrófagos, e disparavam para que os macrófagos se tornassem senescentes. Por sua vez, as células senescentes pareciam então alterar a área em volta delas de modo a promover crescimento de tumores.
No início, os pesquisadores acharam que a remoção das células senescentes resultaria em mais adenomas, o tipo de tumor de pulmão estudado. Mas os resultados dos primeiros experimentos mostraram o contrário.
"Foi bem desafiador, porque todas as vezes que conduzíamos um experimento, acontecia o oposto do que estávamos esperando", conta o Dr. Prieto. "No caso da remoção dos supressores de tumores que regulam as células senescentes, a expectativa era de haver mais tumores, mas o que aconteceu foi que os resultados foram o contrário. Apareceram menos tumores na ausência desses supressores de tumores."
Os pesquisadores trabalharam com o coautor do estudo, Dr. Hu Li (Ph.D.), pesquisador de medicina individualizada da Mayo Clinic, e fizeram sequenciamento de RNA de uma única célula no laboratório dele. Esse trabalho os ajudou a identificar macrófagos do pulmão como o principal tipo de célula a promover o crescimento do tumor. Agora, eles acreditam que os macrófagos estão respondendo às células pré-cancerígenas conforme elas começam a causar tumores.
"Tivemos que repensar nossas ideias iniciais conforme fomos aprendendo muito mais sobre o que as células são capazes de fazer. Depois disso, começou a fazer muito mais sentido como as células de macrófagos senescentes podem influenciar outras células, o ambiente e o sistema imunológico nesse caso", relata o Dr. Baker.
Esta pesquisa foi subsidiada pelo Centro Paul F. Glenn para Pesquisa da Biologia do Envelhecimento na Mayo Clinic e pela Escola de Pós-Graduação de Ciências Biomédicas da Mayo Clinic.
Um artigo complementar de pesquisadores do Reino Unido também foi publicado na revista Cancer Cell.
Veja o estudo para obter uma lista completa de autores, divulgações e financiamento. Para obter mais informações, acesse a revista Discovery's Edge.
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