ROCHESTER, Minnesota — A Farmacogenômica é uma ferramenta valiosa da qual profissionais de saúde dispõem para prescrever o medicamento certo para o paciente certo, aumentando a eficácia e evitando efeitos colaterais.
Uma nova pesquisa financiado em parte pelo National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI) mostra uma vantagem clara dos exames genéticos em ajudar profissionais de saúde a escolher o medicamento antiplaquetário adequado. O exame ajuda a determinar se o paciente carrega variantes no gene CYP2C19 que causam a perda de sua função. Essas variantes interferem na capacidade do corpo de metabolizar e ativar o clopidogrel, um medicamento antiplaquetário.
Medicamentos antiplaquetários são prescritos para evitar complicações decorrentes da coagulação do sangue após procedimentos para abrir artérias obstruídas. Esses pacientes podem usar um dos vários medicamentos antiplaquetários, como clopidogrel, ticagrelor ou prasugrel.
Pacientes com doença arterial coronariana recebem clopidogrel para reduzir o risco de eventos isquêmicos, como coágulos, AVCs, infartos, dores no peito recorrentes e morte após uma intervenção coronária percutânea ou colocação de stent. No entanto, as pessoas que carregam o genótipo CYP2C19, que as impede de ativar a substância, se beneficiariam de outros medicamentos antiplaquetários.
A meta-análise publicada no JACC: Cardiovascular Interventions obteve mais de 1.000 estudos, incluindo sete estudos clínicos randomizados. Um deles foi o TAILOR-PCI, estudo de grande porte financiado pelo Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic e pelo NHLBI.
Pesquisadores da Mayo Clinic, da Universidade de Toronto e de várias outras instituições avaliaram os dados sobre o efeito do gene CYP2C19 em eventos isquêmicos em quase 16.000 pessoas. A meta-análise comparou pacientes que foram tratados com os novos agentes antiplaquetários ticagrelor ou prasugrel, em oposição ao clopidogrel.
"Nossos resultados sugerem que o clopidogrel pode ser administrado com segurança em aproximadamente 70% dos pacientes com doença arterial coronariana após intervenção coronária percutânea," diz Naveen Pereira, M.D., cardiologista da Mayo Clinic e autor do artigo. “Para pacientes que não têm o genótipo de perda de função CYP2C19, não há diferença no uso de clopidogrel, em comparação com ticagrelor ou prasugrel. Porém, esses dados mostram uma redução de 30% no risco de eventos isquêmicos para pacientes que são identificados por exames genéticos como tendo o genótipo de perda de função CYP2C19. Essa informação significa que com a ajuda de exames genéticos, poderíamos prescrever clopidogrel genérico, bem tolerado, uma vez ao dia para a maioria dos pacientes e reservar o uso de medicamentos mais novos e mais caros - ticagrelor ou prasugrel - para aqueles com variantes genéticas de perda de função."
O Dr. Pereira observa que exames genéticospara variantes do CYP2C19 de uso remoto estão disponíveis e podem ser usados por pessoal não treinado em laboratório. Esse exame tem mais de 99% de precisão na identificação da composição genética dos pacientes para orientar o tratamento. O exame é barato e pode ser administrado à beira do leito por meio de suabe oral. Os resultados ficam prontos em menos de uma hora.
"Estamos satisfeitos com a decisão que tomamos há vários anos de financiar o estudo TAILOR-PCI junto ao NHLBI para ajudar a garantir um atendimento melhor e mais seguro para pacientes que sofrem de doenças arteriais coronarianas, servindo para ilustrar o valor dos exames genômicos na prática médica," diz Richard Weinshilboum, M.D., farmacologista e diretor do Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic.
Saber que a maioria das pessoas pode ser tratada de forma segura e eficaz com clopidogrel é uma informação útil para os profissionais de saúde, e esse conhecimento tem benefícios práticos. Em comparação com ticagrelor e prasugrel, o clopidogrel é menos caro, aceito pela maioria dos convênios e traz menos efeitos colaterais, como hemorragia e falta de ar.
"Essa meta-análise confirma o impacto de uma abordagem farmacogenômica para personalizar a terapia antiplaquetária no tratamento da doença arterial coronariana," diz o Dr. Michael Farkouh, cardiologista e diretor de estudos clínicos multinacionais no Peter Munk Cardiac Centre da University Health Network. "Acreditamos que esse trabalho deve informar as próximas diretrizes no campo e justificar um estudo mais aprofundado com outros bancos de dados". O Dr. Farkouh é o autor sênior do artigo.
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