Pesquisadores da Mayo Clinic exploram tratamentos neurológicos restaurativos para formas graves de epilepsia

PHOENIX — Pesquisadores especializados em epilepsia da Mayo Clinic estão investigando novas abordagens terapêuticas para ajudar pacientes que vivem com os tipos mais graves e de difícil controle da epilepsia: tratamentos que promovem a cura do cérebro. Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela epilepsia. Aproximadamente 30% dos pacientes, ou cerca de 15 milhões de pessoas, sofrem de epilepsia farmacorresistente (DRE, do inglês drug-resistant epilepsy). Enquanto certos pacientes experienciam apenas algumas convulsões por mês, outros podem sofrer centenas por dia — variando de episódios leves a potencialmente fatais.
As opções de tratamento atuais para pacientes com DRE incluem procedimentos cirúrgicos, como a ressecção cerebral, para remover uma parte do tecido cerebral responsável por produzir as convulsões. Um procedimento menos invasivo envolve a terapia de ablação a laser, que identifica e destrói o tecido cerebral anormal. Embora costumem ser eficazes, essas abordagens cirúrgicas apresentam risco de possíveis efeitos colaterais, como o comprometimento da memória, déficits motores e dificuldades na fala. A neuromodulação é outra abordagem cirúrgica que utiliza estimulação elétrica ou magnética para interromper a atividade neural anormal sem a necessidade de remoção de tecido cerebral.
Agora, um número crescente de cientistas faz parte de uma tendência inovadora de pesquisa que investiga novas formas de tratar a DRE. Essa abordagem envolve o uso da medicina regenerativa como uma estratégia "reparadora" para ajudar o cérebro a se curar.
O neurocirurgião Ph.D. e Dr. Jonathon J. Parker é o pesquisador principal do primeiro ensaio clínico em humanos na Mayo Clinic que estuda o uso de células cerebrais inibitórias especializadas implantadas como um possível tratamento reparador para a epilepsia farmacorresistente. O ensaio clínico está em andamento na Mayo Clinic, no Arizona. "Este é um momento emocionante para a medicina regenerativa e para o potencial que ela pode representar para milhões de pessoas que sofrem com os efeitos colaterais debilitantes da DRE,” diz o Dr. Parker. “Utilizamos uma técnica minimamente invasiva, em que injetamos as células inibitórias por meio de uma incisão do tamanho de uma borracha de ponta de lápis na parte posterior da cabeça. Nossa esperança é que, com o tempo, essas células se integrem ao cérebro, ajudem a reparar os circuitos neurais e reduzam, ou até mesmo previnam as convulsões sem causar efeitos colaterais," explica o Dr. Parker.
A Mayo Clinic no Arizona é um dos 29 centros nos Estados Unidos que participam do ensaio clínico com implante de células cerebrais inibitórias em pacientes com epilepsia focal, isto é, quando as convulsões se originam em uma região específica do cérebro.
“Estamos muito otimistas em relação ao potencial dessa terapia com células cerebrais,” diz a Dra. Amy Crepeau, neurologista na Mayo Clinic. “Desenvolver um tratamento seguro, eficaz e minimamente invasivo, que não envolva possíveis efeitos colaterais negativos, pode representar uma verdadeira mudança de paradigma no tratamento de pacientes com DRE e na melhora de sua qualidade de vida.”
Outro ensaio clínico está em andamento na Mayo Clinic, na Flórida, investigando o potencial da medicina regenerativa como tratamento reparador para a DRE. Pesquisadores estão explorando o uso de células-tronco implantadas em conjunto com a neuromodulação.
Um dos métodos mais recentes de terapia de neuromodulação voltada para epilepsia aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) é a estimulação cerebral profunda. Embora os pacientes submetidos a esse tratamento apresentem, após cinco anos, uma média de até 70% na redução das crises epilépticas, é raro que eles se tornem totalmente livres das convulsões. O Dr. Sanjeet Grewal, diretor de neurocirurgia estereotáxica e funcional na Mayo Clinic, espera mudar esse cenário.
“Infelizmente, a neuromodulação não nos permite eliminar completamente as convulsões como desejamos, e é por isso que estamos tentando combinar a estimulação cerebral profunda com a terapia com células-tronco, para ver se conseguimos aumentar a eficácia da neuromodulação, ” afirma o Dr. Grewal.
O Dr. Grewal é o pesquisador principal do ensaio clínico que envolve o uso de células-tronco mesenquimais (CTMs) derivadas do tecido adiposo, implantadas como complemento à estimulação cerebral profunda para pacientes com DRE. As CTMs são um tipo especial de célula-tronco adulta com propriedades anti-inflamatórias e com um possível potencial de cura.
Muitos, como o Dr. Grewal, acreditam que as CTMs poderão desempenhar um papel fundamental no futuro da medicina regenerativa, especialmente no tratamento de condições como a epilepsia.
“Existem pacientes cujas convulsões são muito mais difíceis de serem tratadas com a tecnologia que temos atualmente. Nossa esperança é que, ao adicionar as células-tronco e seu potencial regenerativo, possamos aumentar o sucesso do tratamento,” diz o Dr. Grewal.
O ensaio clínico está utilizando CTMs derivadas de tecido adiposo, produzidas no Laboratório de Terapia Celular Humana da Mayo Clinic, na Flórida, sob a liderança do Ph.D e Dr. Abba Zubair. Suas equipes de pesquisa desenvolveram um método de produção de CTMs rentável, voltado para eventuais tratamentos de condições como acidente vascular cerebral e osteoporose.
“Minha missão é encontrar formas de resolver os problemas com os quais os pacientes têm lutado e oferecer uma solução para eles. Quero dar esperança a essas pessoas,” afirma o Dr. Zubair.
“As CTMs são o que chamamos de multipotentes, ou seja, elas podem se adaptar em diferentes tipos celulares dependendo de onde são colocadas. Se forem posicionadas próximas a vasos sanguíneos, elas podem se transformar em células vasculares. Se estiverem próximas a células cardíacas, elas podem se transformar em células cardíacas, ” explica o Dr. Grewal. A expectativa é de que, no ensaio clínico conduzido pelo Dr. Grewal, as CTMs se transformem em células neurais ou cerebrais e interajam na região do cérebro onde ocorrem as crises epilépticas. “Esse processo é chamado de sinalização parácrina, em que as células liberam sinais químicos para o tecido cerebral ao redor e interagem de forma a tentar reparar esse tecido.”
Os Drs. Grewal e Parker reconhecem que ainda há um longo caminho pela frente para determinar se essas terapias celulares são comprovadamente seguras e eficazes para pacientes com DRE. Mas ambos concordam que cada dia de pesquisa os aproxima de um possível tratamento, ou até mesmo de uma cura.
“Pensamos nisso há gerações, só não tínhamos a tecnologia necessária para tornar isso possível. Agora temos,” diz o Dr. Grewal. “Seja na cicatrização de feridas, na neurodegeneração, na epilepsia ou no acidente vascular cerebral, existem inúmeros estudos em andamento investigando o potencial das terapias regenerativas ou reparadoras.”
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