Rochester, Minnesota ― Pacientes hospitalizados com COVID-19 que possuíam uma combinação de pressão alta, obesidade, diabetes ou outras condições associadas à síndrome metabólica corriam um risco muito maior para síndrome do desconforto respiratório agudo e morte, de acordo com um estudo internacional publicado na revista médica JAMA Network Open.
O risco de desenvolver a síndrome do desconforto respiratório agudo (uma doença pulmonar com risco de vida que causa níveis baixos de oxigênio no sangue), aumentou progressivamente com cada critério adicional da síndrome metabólica presente. O estudo (um dos maiores a examinar a ligação entre a síndrome metabólica e os resultados do COVID-19), examinou registros de mais de 46.000 pacientes internados em 181 hospitais em 26 países.
“Nosso estudo descobriu que se você tem colesterol alto, pressão alta, obesidade leve e pré-diabetes ou diabetes e está hospitalizado com COVID-19, tem uma chance em quatro de desenvolver a SDRA, o que é significativo”, disse o autor principal do estudo Dr. Joshua Denson, especialista em medicina pulmonar e cuidados intensivos e professor assistente de medicina na Tulane University School of Medicine. “Também descobrimos que em todos os níveis de suporte respiratório, os pacientes com síndrome metabólica tiveram resultados piores. Pacientes com síndrome metabólica sofreram aumento da ventilação mecânica invasiva, aumento da ventilação não invasiva ou de suporte de oxigênio de alto fluxo e aumento do uso de oxigênio suplementar em comparação com pacientes sem a síndrome metabólica.”
Pesquisadores da Mayo Clinic, da Society of Critical Care Medicine e da Tulane University acompanharam os resultados de pacientes hospitalizados entre meados de fevereiro de 2020 a meados de fevereiro de 2021 no registro global Discovery VIRUS: COVID-19 Registry. Os pesquisadores compararam 5.069 pacientes (17,5 por cento) com síndrome metabólica com 23.971 pacientes controle (82,5 por cento) sem síndrome metabólica. Eles definiram a síndrome metabólica como tendo mais de três destes critérios: obesidade, pré-diabetes ou diabetes, hipertensão ou colesterol alto.
Pacientes com síndrome metabólica tinham 36 por cento mais chances de desenvolver síndrome do desconforto respiratório agudo, quase 20 por cento mais chances de morrer no hospital, mais do que 30 por cento mais chances de serem internados na UTI e 45 por cento mais chances de necessitarem de ventilação mecânica. Os pesquisadores calcularam esses riscos após o ajuste para raça, idade, sexo, etnia, outras comorbidades e volume de casos hospitalares.
No geral, pouco mais de 20 por cento dos pacientes com síndrome metabólica morreram no hospital, 20 por cento desenvolveram síndrome do desconforto respiratório agudo e quase metade dos pacientes foram internados na UTI. Aproximadamente 16 por cento dos pacientes sem síndrome metabólica morreram, 12 por cento desenvolveram síndrome do desconforto respiratório agudo e quase 36 por cento foram internados na UTI.
A síndrome metabólica era significativamente mais comum entre pacientes com COVID-19 internados em hospitais nos Estados Unidos (18,8 por cento) do que aqueles internados em hospitais fora dos Estados Unidos (8 por cento). De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, mais de um terço dos adultos nos EUA atendem aos critérios para síndrome metabólica, com algumas regiões tendo uma prevalência dessa condição superior a 40 por cento.
Os casos graves de COVID-19 são caracterizados por uma resposta imune hiperinflamatória à infecção em todo o corpo. Os autores suspeitam que a inflamação crônica de baixo grau das doenças metabólicas, principalmente quando agrupadas, poderia tornar esses pacientes mais vulneráveis à COVID-19.
Os pesquisadores observam que, consideradas as altas taxas de síndrome metabólica, obesidade e diabetes nos EUA, uma hipótese de por que o país é líder no mundo em casos e mortes por COVID-19 poderia ser a alta prevalência de síndrome metabólica nesta população.
“Essas importantes descobertas são mais um exemplo das possibilidades de dados agrupados de centenas de hospitais na detecção de associações significativas durante a pandemia”, diz Rahul Kashyap, M.B.B.S., autor sênior do estudo e investigador principal do Discovery VIRUS: COVID-19 Registry. “Essas descobertas ajudarão nos esforços para criar infraestruturas nacionais para identificar fatores de risco de doenças críticas e testar medicamentos novos/reaproveitados para ajudar a melhorar os resultados dos pacientes.” VIRUS significa Viral Infection and Respiratory Illness Universal Study (Estudo Universal de Infecções Virais e Doenças Respiratórias).
A realização desse estudo foi possibilitada pelo Viral Infection and Respiratory Illness Universal Study. O estudo revela variações de prática e fornece um abundante banco de dados para pesquisas sobre tratamentos e cuidados eficazes. Em março de 2020, a Society of Critical Care Medicine e a Mayo Clinic lançaram este primeiro Registro da COVID-19 global que rastreia os padrões de cuidados em UTI e hospitais quase em tempo real. Para obter mais informações, visite o Discovery VIRUS: COVID-19 Registry.
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