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Pesquisadores da Mayo Clinic decodificam origem do câncer de pâncreas causado por inflamação
JACKSONVILLE, Flórida — Pesquisadores da Clínica Mayo de Jacksonville, na Flórida, desvendaram o processo pelo qual uma inflamação crônica do pâncreas, a pancreatite, se transforma em câncer de pâncreas. Os cientistas informam que a descoberta revela formas de identificar pacientes de pancreatite com risco de contrair câncer de pâncreas, bem como a possíveis terapias medicamentosas que podem reverter o processo.
ALERTA DE VÍDEO: Para informações adicionais com áudio e vídeo com o Geou-Yarh Liou, Ph.D., acesse, Mayo Clinic News Network.
O estudo, publicado 5 de agosto no jornal online The Journal of Cell Biology, mapeia a forma com que a inflamação força células acinares no pâncreas — aquelas que produzem as enzimas digestivas — a se transformar em células ductais. Conforme essas células mudam, passam por mutações que podem resultar em maior progresso do câncer de pâncreas, diz o autor principal do estudo, o bioquímico e biólogo molecular da Clínica Mayo Peter Storz, Ph.D.
"Não sabemos porque essas células se reprogramam, mas pode ser porque produzir enzimas em um órgão danificado por uma inflamação pode causar mais danos", diz Peter Storz. "A boa notícia, entretanto, é que esse processo é reversível e nós identificamos uma quantidade de moléculas envolvidas nessa via, que podem ser o alvo no esforço para transformar essas novas células ductais de volta em células acinares, eliminando, com isso, o risco de desenvolvimento de câncer", ele explica.
Os cientistas estão testando a em ratos de laboratórios, a capacidade de medicamentos, já no mercado, de reverter essa transformação que ocorre no pâncreas que resulta em câncer de pâncreas humano. A equipe de pesquisa de Peter Storz traçou o trajeto que leva a inflamação no pâncreas ao desenvolvimento de câncer no órgão. Eles seguiram o que aconteceu, quando macrófagos responderam a um pâncreas inflamado. Macrófagos são um tipo de glóbulo branco que consome material estranho no organismo.
"A crença nesse campo tem sido a de que os macrófagos têm a função de remover células danificadas no órgão", diz Peter Storz. "Descobrimos que elas não são tão benignas assim. Percebemos que, na verdade, os próprios macrófagos provocam a transformação e criam a estrutura para o desenvolvimento do câncer", ele declara.
A equipe de pesquisa também descobriu que, quando o pâncreas está inflamado, o fluido do órgão contém moléculas sinalizadoras que induzem as células acinares a se transformarem em células ductais. Coautor do estudo, o gastrenterologista Massimo Raimondo, M.D., é integrante de uma equipe da Mayo que desenvolveu um método para coletar esse fluido do pâncreas durante uma esofagogastroduodenoscopia de rotina.
"Queremos investigar também se essas duas enzimas podem servir como um sistema de advertência precoce, um marcador do risco do câncer de pâncreas, em pacientes com pancreatite", diz Peter Storz. "Nossa esperança é de podermos detectar esse risco antes que ele se concretize e usar um tratamento que reverta qualquer possibilidade de desenvolvimento do câncer de pâncreas", ele explica.
O estudo foi financiado por verbas dos Institutos Nacionais de Saúde (CA135102, CA140182 e CA159222), pela Associação Americana da Pesquisa do Câncer e por uma verba dos Programas Especializados de Excelência em Pesquisa (SPORE — Specialized Programs for Research Excellence) da Clínica Mayo.
Entre os coautores do estudo estão Geou-Yarh Liou, Heike Doeppler, Brian Necela, Murli Krishna e Howard Crawford.
Para mais informações sobre tratamento do câncer de pâncreas e outros tipos de câncer na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.