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    Epilepsia: Perguntas e Respostas

A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico, do qual há muito desconhecimento e muitos preconceitos. Historicamente, as pessoas com essa doença enfrentam um estigma criado por uma sociedade discriminadora, que ignora o que é realmente a epilepsia.

Hoje em dia, a medicina já produziu avanços notáveis no tratamento dessa doença. Um exemplo é um procedimento minimamente invasivo, a ablação a laser, que surgiu como uma alternativa viável à cirurgia aberta da cabeça. Essa técnica tem sido usada com êxito pela Clínica Mayo, como nos explica o professor de Neurologia e diretor da Unidade de Monitoramento da Epilepsia da Clínica Mayo em Jacksonville, na FlóridaWilliam Tatum.

O que é epilepsia? 
Epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises espontâneas e recorrentes. Os sintomas das crises epilépticas variam. E há vários tipos de crises epilépticas, entre as quais a convulsão. Algumas pessoas com epilepsia simplesmente mantêm um olhar fixo e vago por alguns segundos, durante uma crise. Outras perdem a consciência ou contorcem seus braços e pernas repetidamente. A epilepsia é um distúrbio neurológico, no qual a atividade das células nervosas no cérebro é alterada, causando a crise.

Quais são as falácias e mitos sobre a epilepsia? 
Algumas pessoas pensam, erroneamente, que é uma doença contagiosa ou infecciosa. Outro mito é o de que a pessoa pode engolir sua língua durante um ataque. Algumas pessoas pensam que todos os pacientes com epilepsia sofrem de deficiência mental.

A epilepsia pode ser causada por um dano cerebral? 
Pode, especialmente em crianças. Há várias causas da epilepsia. Dois grupos etários comumente afetados pela epilepsia são as crianças muito novas, com menos de 1 ano de idade, e a população idosa. Os bebês podem ser afetados por traumas de nascimento e vários defeitos metabólicos ou por malformações congênitas do cérebro. Entre os idosos, problemas como acidente vascular cerebral, demência e doença de Alzheimer são causas significativas de epilepsia.

Quais são as principais causas da epilepsia? 
As causas variam desde infecções, tais como meningite e encefalite, a trauma pré-natal, trauma causado por acidentes, fatores genéticos, tumores cerebrais ou acidente vascular cerebral. Em pessoas com mais de 65 anos, acidente vascular cerebral e problemas vasculares são as principais causas.

É mais comum em homens ou mulheres? 
A epilepsia afeta homens e mulheres da mesma forma, basicamente.

As pessoas que sofrem crises epilépticas sentem uma espécie de corrente elétrica correr pelo corpo. Isso é falso ou verdadeiro? 
Na maioria dos casos, isso é falso. E, na maioria dos casos, a crise epiléptica e totalmente indolor.

Como a doença pode complicar a vida de uma pessoa? Quem sofre de epilepsia pode, por exemplo, dirigir um carro? 
Normalmente, não é permitido a uma pessoa, com crises frequentes de epilepsia, dirigir um carro. Por causa da imprevisibilidade das crises, o risco é alto de acidente de carro, queda ou afogamento. Pessoas com epilepsia têm permissão para dirigir quando a situação está sob controle. Mas a duração do tempo considerado sem crises varia de estado para estado, de país para país.

Por que as pessoas têm vergonha dessa doença? 
Os pacientes não sentem vergonha, no sentido estrito da palavra, mas podem ficar constrangidos se uma crise é observada por outras pessoas. Um paciente que sofre crises epilépticas nunca sabe realmente quando o próximo momento constrangedor vai acontecer ou onde. Ele pode estar participando de um evento público ou de uma reunião familiar e, de repente, acordar e ver muitas pessoas em torno dele, perguntado se está tudo bem. Isso pode ser embaraçoso para ele e pode levá-lo a se afastar de situações sociais e reduzir sua qualidade de vida. Devido aos estigmas associados à falta de entendimento da epilepsia como um problema médico, as crises epilépticas podem provocar fortes reações emocionais em observadores. Penso que as pessoas realmente sentem o estigma e podem se sentir em desvantagem, devido ao diagnóstico. Todos sabem que existem celebridades que se tornam defensoras de pacientes com algumas doenças. Por exemplo, Jerry Lewis defendeu os pacientes com distrofia muscular. Michael J. Fox defende os pacientes com doença de Parkinson. No caso da epilepsia é um pouco diferente, por causa do medo gerado pelo desconhecido nos outros e o estigma associado à doença. É preciso promover mais a conscientização sobre a epilepsia, porque, afinal, ela é o terceiro distúrbio mais comum que vemos em neurologia. Existem bons tratamentos disponíveis, novas opções com medicamentos e novos tipos de cirurgia, que podem melhorar a vida dos pacientes, quando os tratamentos contra as crises epilépticas se mostram ineficazes.

Quais são os novos tratamentos para epilepsia? 
Os novos tratamentos incluem um número crescente de novos medicamentos, cirurgia do cérebro, incluindo cirurgia a laser, estimuladores neurológicos que detectam a atividade do cérebro e usam a atividade elétrica para interromper as crises, quando elas ocorrem, e dietas especiais que ajudam no tratamento da epilepsia.

O senhor pode descrever um pouco o trabalho que faz na Clínica Mayo da Flórida. 
Estamos trabalhando com dispositivos de detecção de crises epilépticas, cirurgia a laser, medicamentos para crises epilépticas e estimuladores cerebrais, com grande sucesso. O mais novo tratamento é a ablação a laser de áreas do cérebro que foram identificadas como a fonte da crise epiléptica. A Clínica Mayo foi uma das localidades de um estudo clínico sobre a ablação a laser e o procedimento já foi aprovado pela FDA, para aplicação no tratamento da epilepsia. Já tratamos com sucesso cerca de duas dúzias de pacientes nas três unidades da Clínica Mayo (Arizona, Florida e Minnesota).

A ablação a laser é o método cirúrgico menos invasivo para pacientes em que os medicamentos ou estimulação neurológica já não produzem efeitos ou para aqueles que estão prontos para a transição de um estimulador para maior independência. A ablação a laser pode ser vantajosa para pacientes que não tem outra opção. Ou para aqueles que já tentaram medicamentos diferentes e para os quais a cirurgia seria o próximo passo, mas não querem fazer uma cirurgia aberta da cabeça.

Na ablação a laser, um pequeno orifício é aberto na parte posterior da cabeça e uma sonda a laser é inserida através do cérebro, até atingir a área que foi identificada como a fonte das crises epilépticas. A terapia por ablação é realizada em minutos e a sonda é removida. A alternativa é a cirurgia aberta da cabeça, que resulta em um longo período de recuperação. Com a cirurgia a laser, a maioria dos pacientes podem retornar a casa no dia seguinte. É quase uma cirurgia do cérebro ambulatorial.

A parte minimamente invasiva é realmente surpreendente. Conheci pacientes que quase se submeteram à cirurgia aberta, mas acabaram optando pelo procedimento a laser. O cirurgião coloca uma sonda bem pequena na parte posterior de suas cabeças, para inserir o laser. No final do procedimento, a pequena incisão é a única pista de que um procedimento de grande proporção foi realizado. Isso não é estranho a outras áreas da medicina, mas o aspecto minimamente invasivo da cirurgia não havia sido realmente aplicado em procedimentos cerebrais até recentemente.

Para mais informações sobre tratamentos neurológicos na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 1-904-953-7000 ou envie um e-mail para intl.mcj@mayo.edu.

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