• Novo dispositivo monitora o fluxo e o oxigênio do sangue no cerebro

JACKSONVILLE, Flórida — Uma equipe de pesquisa da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, descobriu que um pequeno dispositivo, colocado na testa de uma pessoa, pode ser útil para monitorar possíveis acidentes vasculares cerebrais (ou derrames cerebrais) em pacientes hospitalizados. O dispositivo mede o oxigênio no sangue, de forma similar a de um oxímetro de pulso, que é colocado no dedo.

Alerta de vídeo: Recursos adicionais de áudio e vídeo, incluindo comentários do médico William Freeman, estão disponíveis em.

O estudo, publicado na edição de 1 de fevereiro do jornal Neurosurgical Focus, sugere que essa ferramenta, conhecida como espectroscopia frontal próxima do infravermelho (NIRS — frontal near-infrared spectroscopy), pode oferecer aos médicos do hospital uma forma segura e custo-eficiente de monitorar, em tempo real, pacientes internados, durante o tratamento de um derrame cerebral.

"Cerca de um terço dos pacientes de derrame cerebral, internados em um hospital, sofrem um outro derrame. E são poucas as nossas opções para monitorar constantemente possíveis recorrências nesses pacientes", diz o principal pesquisador do estudo, o médico William Freeman, especialista em tratamento neurocrítico e professor adjunto de neurologia da Clínica Mayo.

"Esse foi um pequeno estudo piloto, iniciado no campus da Clínica Mayo na Flórida, mas planejamos estudar esse dispositivo mais profundamente. Esperamos que essa ferramenta ofereça um benefício significativo aos pacientes, ao ajudar os médico a detectar derrames cerebrais precocemente e ter um melhor controle da recuperação", ele diz.

Atualmente, na maioria dos hospitais, enfermeiros monitoram os pacientes para prevenir novos derrames cerebrais. E, se houver suspeita de que pode ocorrer, o paciente precisa ser removido para a unidade de radiologia do hospital, onde passa por um teste chamado tomografia computadorizada de perfusão, que é o método padrão de medir o fluxo e oxigenação do sangue. Essa tomografia requer o uso de um meio de contraste e todo o procedimento pode, algumas vezes, causar efeitos colaterais, tais como exposição excessiva à radiação, se repetições da tomografia forem necessárias. Além disso, o meio de contraste pode causar danos aos rins e às vias respiratórias.

Alternativamente, para os pacientes em estado mais grave, os médicos pode inserir uma sonda de oxigênio no cérebro, para medir o fluxo de sangue e de oxigênio, mas esse procedimento é invasivo e mede apenas uma área limitada do cérebro, diz William Freeman.

O dispositivo NIRS, que emite luz próxima do infravermelho, penetra pelo couro cabeludo e tecidos cerebrais subjacentes. Ele tem sido usado em animais, para estudar o sangue no cérebro. Assim, a equipe de pesquisadores da Clínica Mayo calculou que a medição dos mesmos parâmetros em pacientes de derrame cerebral poderia ser útil. Eles organizaram um estudo para comparar as medições do NIRS e da tomografia computadorizada de perfusão em oito pacientes que sofreram derrame cerebral.

Os resultados mostraram que os dois exames oferecem resultados estatisticamente similares, embora o NIRS tenha um campo mais limitado para a medição do oxigênio e do fluxo do sangue. "Isso sugere que, talvez, nem todos os pacientes se beneficiariam desse tipo de monitoramento", ele diz.

O dispositivo adere como um esparadrapo em cima de cada uma das sobrancelhas do paciente e funciona como um oxímetro de pulso, que normalmente é colocado no dedo do paciente. Ele monitora a saúde ou a perfusão do cérebro durante uma cirurgia.

Se o dispositivo for testado com sucesso nos próximos estudos e miniaturizado, o NIRS também pode ser útil em instalações militares, para avaliar e monitorar o funcionamento do sangue, em vista de ferimentos no cérebro, diz o médico.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade do Sul da Flórida e da Escola de Medicina da Universidade do Norte da Flórida participaram do estudo, junto com vários estudantes universitários, que faziam parte do Programa Escolar de Pesquisa Clínica (CRISP — Clinical Research Scholar Program) da Clínica Mayo.

"Essa pesquisa não poderia ser realizada sem a dedicação e a assistência de nosso estudante pré-medico do CRISP Brandon O'Neal e do médico residente de neurocirurgia vascular Philipp Taussky", disse William Freeman. "Nos sentimos estimulados sobre as futuras possibilidades, nas quais essa ferramenta poderá ser muito útil", afirmou.

O estudo foi aprovado pelo Institutional Review Board da Clínica Mayo e não foi patrocinado ou financiado por qualquer empresa. Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Para mais informações sobre tratamento de acidente vascular cerebral na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.