ROCHESTER, Minnesota — Os médicos costumam classificar os meningiomas — o tipo mais comum de tumor cerebral — em três graus, que vão de crescimento lento a agressivo.

Mas um novo estudo multi-institucional sugere que as aparências podem enganar. Se um tumor apresenta atividade em um gene chamado transcriptase reversa da telomerase (TERT, sigla em inglês), ele tende a recorrer mais rapidamente, mesmo que pareça de baixo grau ao microscópio.

As descobertas, publicadas em 1º de setembro na Lancet Oncology, podem mudar significativamente a forma como os médicos diagnosticam e tratam os meningiomas.

"A alta expressão de TERT está fortemente associada à progressão mais rápida da doença," diz a Ph. D. e Dra. Gelareh Zadeh, neurocirurgiã na Mayo Clinic e autora sênior do estudo. "Isso faz dele um novo biomarcador promissor para identificar pacientes que podem estar em maior risco de desenvolver uma doença agressiva."

Um sinal de alerta precoce

Os meningiomas — tumores das meninges, o tecido protetor que envolve o cérebro e a medula espinhal — são geralmente considerados benignos. Mas um pequeno subconjunto desses tumores apresenta uma mutação no gene TERT, que está associada ao crescimento mais rápido e a um intervalo mais curto até o retorno do tumor após o tratamento.

O TERT é a parte ativa da telomerase, uma enzima que mantém os telômeros, as extremidades protetoras dos cromossomos. Na maioria das células adultas saudáveis, o TERT está desativado. Mas, se ele for reativado, poderá estimular o desenvolvimento do câncer ao promover o crescimento celular descontrolado.

Nesse estudo, os pesquisadores quiseram verificar se a alta expressão de TERT, mesmo na ausência da mutação genética TERT, também poderia prever resultados piores. Eles analisaram mais de 1.200 meningiomas de pacientes do Canadá, Alemanha e EUA, e descobriram que quase um terço deles apresentava uma alta expressão de TERT, apesar de não possuírem a mutação.

Esses pacientes tiveram um recrescimento precoce do tumor em comparação àqueles sem expressão de TERT, embora seus desfechos tenham sido melhores do que os pacientes com mutações completas de TERT.

"Os tumores positivos para TERT se comportaram como se fossem de um grau pior do que o seu diagnóstico oficial," diz a Dra. Zadeh. "Por exemplo, um tumor de grau 1 com expressão de TERT se comportou mais como um tumor de grau 2."

Orientando decisões de tratamento

As descobertas sugerem que testar para a atividade de TERT pode ajudar os médicos a prever quais pacientes estão em maior risco de recorrência e quais podem precisar de um monitoramento mais próximo ou tratamento mais intensivo.

"Como os meningiomas são o tipo mais comum de tumor cerebral primário, esse biomarcador pode influenciar a forma como milhares de pacientes são diagnosticados e tratados ao redor do mundo," afirma a Dra. Zadeh.

"A expressão de TERT pode nos ajudar a identificar, com mais precisão, pacientes com meningiomas agressivos," explica a Dra. Chloe Gui, residente em Neurocirurgia na Universidade de Toronto, colaboradora na pesquisa da Mayo Clinic e autora principal do estudo, em um podcast hospedado pela The Lancet Oncology. "Essa informação nos permite oferecer um tratamento adaptado ao comportamento do tumor."

Atualmente, a equipe está investigando maneiras de incorporar a expressão de TERT no fluxo de trabalho clínico. A pesquisa faz parte de um esforço maior da Mayo Clinic chamado Iniciativa Precure, focado no desenvolvimento de ferramentas que capacitem os médicos a prever e intervir em processos biológicos antes que evoluam para uma doença ou progridam para condições complexas e de difícil tratamento.

Reveja o estudo para uma lista completa de autores, divulgações e financiamento. 

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