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    Mayo Clinic: Câncer de pâncreas pode ser detectado com um simples exame do intestino por sonda

JACKSONVILLE, Flórida, 21 de maio de 2012 — Bastou aos médicos da Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, acender uma luz minúscula dentro do intestino delgado de um paciente, para detectar um câncer no pâncreas. Todas as vezes que o teste foi repetido em pacientes, em um pequeno estudo, a luz atada a uma sonda, conduzida ao intestino delgado nas proximidades de sua junção com o pâncreas, mediu mudanças nas células e vasos sanguíneos do intestino delgado, produzidas pelo câncer em desenvolvimento no pâncreas.

ALERTA SOBRE VÍDEO: Vídeo-entrevista do médico Michael Wallace, sobre o assunto, pode ser visto na Rede de Notícias da Clínica Mayo, nosso novo método de distribuir conteúdo de mídia. O acesso à rede requer nome de usuário e senha, que podem ser obtidos em Mayo Clinic News Network. Saiba mais sobre essa nova rede assistindo um vídeo.

A técnica minimamente invasiva, chamada de Espectroscopia de Polarização por Gating (Polarization Gating Spectroscopy), será agora testada em um estudo clínico internacional bem maior, sob a liderança de pesquisadores da Clínica Mayo. O estudo preliminar sugere que poderá ser possível, um dia, usar um endoscópio menos invasivo, para examinar pacientes em estágios iniciais de desenvolvimento do câncer de pâncreas.

As descobertas estão sendo destacadas em uma palestra especial, feita pelo gastrenterologista da Clínica Mayo Michael Wallace, M.D., no encontro internacional "Semana da Doença Digestiva de 2012", a maior reunião do mundo de médicos e pesquisadores que se dedicam ao tratamento e ao estudo dos distúrbios do trato gastrintestinal.

Como se sabe, o pâncreas é um órgão difícil de se atingir e examinar, devido a sua localização profunda no abdômen e por ser cercado pelos intestinos. Os pesquisadores do estudo teorizaram que deveriam ocorrer mudanças na "aparência normal" dos tecidos do intestino delgado nas proximidades do pâncreas, que são muito mais acessíveis."

Ninguém pensou antes que seria possível detectar o câncer de pâncreas em alguma área um tanto afastada desse órgão, mas esse estudo mostrou que isso pode ser feito", diz Michael Wallace, que é presidente da Divisão de Gastrenterologia da Clínica Mayo de Jacksonville. "Apesar de os resultados serem apenas preliminares, o conceito dos efeitos de campo na detecção de câncer nas proximidades representa uma grande promessa para o diagnóstico do câncer de pâncreas ainda em estágio inicial", declara.

O câncer de pâncreas é um dos tipos mais fatais de tumores humanos. Só é curável em 5% dos casos. E mesmo quando é removido cirurgicamente, 70% dos clientes têm uma recorrência que é fatal, diz Wallace. Não existem formas, atualmente, de detectar o câncer cedo o suficiente para se curar um número substancial de pacientes, ele diz.

Até agora, o câncer de pâncreas é detectado através de uma varredura por imagem, seguida de uma biópsia invasiva. Tumores encontrados dessa forma já estão, normalmente, em ume estágio avançado.

Nesse estudo, os médicos da Clínica Mayo testaram uma sonda com luz, desenvolvida pela Universidade Northwestern, uma colaboradora de longo tempo.

A luz, atada a uma pequena sonda de fibra óptica, conhecida como endoscópio, mede a quantidade de sangue oxigenado, bem como o tamanho dos vasos sanguíneos, em tecidos próximos ao ducto onde o pâncreas se junta ao intestino delgado. Como um tumor em crescimento requer um suprimento maior de sangue, o tecido normal nas proximidades do câncer revela evidências de vasos sanguíneos aumentados e mudanças na quantidade de oxigênio no sangue.

Os "efeitos de campo" do câncer podem ser medidos em outras áreas do trato gastrintestinal, diz Michael Wallace. "Com essa tecnologia, outros estudos já mostraram que pólipos cancerosos podem ser detectados a mais de 11 polegadas (27,94 centímetros) do próprio pólipo. Estudos anteriores avaliam se o câncer de esôfago também pode ser detectado remotamente", ele diz.

A sonda age "um pouco como um detector de metais, que emite sinais sonoros (beeps) mais rápidos e mais altos, quando se chega perto do câncer", ele explica. Os pesquisadores estão medindo de seis a 10 polegadas (15,24 a 25,4 centímetros) do pâncreas no intestino delgado, próximo ao pâncreas.

Michael Wallace e sua equipe testaram a sonda em 10 pacientes que, mais tarde, se determinou que tinham câncer de pâncreas, e em nove outros participantes que não tinham câncer de pâncreas.

Eles descobriram que por haverem testado as duas medidas — diâmetro do vaso sanguíneo e oxigenação do sangue — detectaram todos os 10 casos de câncer de pâncreas. Mas a sonda foi menos precisa (63% de exatidão) em determinar quais dos voluntários saudáveis não tinham câncer de pâncreas.

"Há espaço para aperfeiçoamento nesse instrumento e nosso grupo está trabalhando nisso", ele diz. "Se os estudos confirmarem os resultados anteriores, isso vai tornar o pâncreas acessível a um endoscópio superior bem mais simples e isso seria um avanço real no tratamento do câncer de pâncreas", declara.

Os pacientes, agora, passam frequentemente por um exame endoscópico do intestino superior, em busca de da causa de uma azia ou de dor de estômago, diz Wallace. Uma sonda endoscópica pode ser facilmente equipada para explorar evidências de câncer de pâncreas em pacientes de maior risco, ele afirma.

O gastrenterologista Mihir Patel, que trabalhou com Wallace no estudo, diz que, apesar de intensa pesquisa, não houve um sucesso significativo na melhora das taxas de sobrevivência dos pacientes, em geral, associadas ao câncer de pâncreas nas últimas décadas.

"Isso porque os médicos não conseguiam detectar o câncer em tempo hábil", afirma Patel.

"O desenvolvimento de uma técnica para examinar pacientes e detectar o câncer de pâncreas em seu estágio inicial seria um grande avanço potencial. Os dados obtidos nesse estudo mostram que essa tecnologia tem um potencial similar".

Entre os coautores do estudo, estão o professor do departamento de engenharia biomédica da Universidade de Northwestern, Vadim Backman, e o gastrenterologista da Universidade de Northwestern, Hemant Roy.

O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e pela Clínica Mayo.

Para mais informações sobre tratamento de câncer de pâncreas e outros tipos de câncer na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.

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