LONDRES — Médicos tratando pessoas por câncer de intestino estão cada vez mais preocupados com um tipo de pólipo considerado inofensivo até então: crescimentos de pólipos dentados no cólon que são horizontais, quase translúcidos, e às vezes difíceis de serem identificados durante uma colonoscopia. Uma nova pesquisa sugere que indivíduos diagnosticados com pólipos dentados devem ser submetidos com maior frequência a exames relacionados ao câncer de intestino, destaca um especialista da Mayo Clinic Healthcare em comentário para o jornal Gut.

O câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal, começa no final do trato digestivo, no cólon. Em geral, aparecem a princípio pequenos pólipos que, quando benignos, não causam nenhum sintoma, embora se tornem cancerígenos aos poucos. O exame de câncer colorretal tem como objetivo detectar e remover os pólipos antes que progridam para câncer. Há diferentes tipos de pólipos, e, até pouquíssimo tempo, os médicos não demonstravam preocupações relacionadas ao pólipo dentado.

“Houve uma grande evolução de nossa perspectiva com relação aos pólipos dentados nas duas últimas décadas, que passaram de lesões benignas que não se desenvolvem em câncer a lesões responsáveis por mais de 1/3 de todos os cânceres colorretais”, afirma James East, M.D., gastroenterologista da Mayo Clinic Healthcare, em Londres. 

Faltam dados que apontem para a necessidade de maior acompanhamento de pessoas diagnosticadas com pólipos dentados com relação ao câncer colorretal. Entretanto, um novo estudo abrangente conduzido por Dan Li, M.D., e colegas da Kaiser Permanente, publicado no jornal Gut, sugere, no entanto, que pessoas diagnosticadas unicamente com pólipos dentados ou com outro tipo de pólipo - conhecido como adenoma - podem exigir a realização mais frequente de colonoscopias, ressalta o Dr. East.

Há muito os adenomas são considerados precursores do câncer. O estudo da Kaiser Permanente comprova que os pólipos dentados elevam o risco de câncer na mesma proporção dos adenomas, e a presença desses dois tipos de pólipos aumentam ainda mais o risco, ressalta o Dr. East.

O Dr. East ainda destaca que são necessárias mais pesquisas a fim de aprimorar o prognóstico de risco de câncer em pacientes diagnosticados unicamente com pólipos dentados ou com adenomas, bem como para determinar a melhor abordagem de exame para cada paciente.

Uma das possibilidades refere-se a deixar de lado a análise de risco de acordo com o tipo de pólipo e focar em indicadores como o número de pólipos em combinação com outros fatores de risco associados ao câncer de intestino, como obesidade, dieta rica em gordura, tabagismo, abuso de álcool ou doenças intestinas inflamatórias, como doença de Crohn e colite ulcerosa, ele complementa.

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