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    Gene inductor do câncer não é único responsável pela doença no pâncreas, revela estudo liderado pela Mayo Clinic

JACKSONVILLE, Flórida — É necessário de mais de um gene indutor do câncer (oncogene) para ativar a doença no pâncreas, revelou um estudo liderado pela Clínica Mayo, em Jacksonville, Flórida.
Um segundo fator cria a "combinação perfeita" que leva à formação de tumores, dizem os pesquisadores.

ALERTA DE MULTIMÍDIA: Vídeo com entrevista com o pesquisador Howard Crawford, está disponível para jornalistas na Mayo Clinic News Network (Rede de Notícias da Clínica Mayo).

O estudo, publicado na edição de 10 de setembro do jornal Cancer Cell, contraria a teoria atual de que a mutação no oncogene KRAS é suficiente para iniciar o câncer de pâncreas e ativar o crescimento desenfreado das células.

As descobertas revelam indícios essenciais sobre o desenvolvimento do câncer de pâncreas e explicam porque poucos pacientes se beneficiam das atuais terapias. As descobertas também trazem ideias sobre como melhorar o tratamento e prevenir o câncer de pâncreas.

A equipe de pesquisa, liderada pelo biólogo do câncer da Clínica Mayo de Jacksonville
Howard Crawford, Ph.D., e pelo médico Jens Siveke, da Universidade Técnica de Munique, Alemanha, descobriu que, para o câncer do pâncreas se formar, o KRAS mutado precisa recrutar um segundo agente, o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR – epidermal growth factor receptor). Um terceiro participante genético, conhecido como Trp53, torna os tumores pancreáticos muito difíceis de tratar, o estudo mostrou.

Os cientistas também descobriram que a presença do EGFR é igualmente observada no câncer de pâncreas iniciado por inflamação pancreática, conhecida como pancreatite.
"Acreditamos que a 'combinação perfeita' necessária para dar origem ao câncer de pâncreas inclui mutações do KRAS e inflamação no órgão, que então atua sinergicamente para ativar o EGFR", diz Howard Crawford.

"O ponto principal é o de que, sem o EGFR, os tumores não se formam — e nunca se soube disso, antes desse estudo", afirma. "Também pensamos que a inflamação no pâncreas tem um grande impacto na ativação do EGFR", afirma.

Os pesquisadores descobriram que, quando bloquearam a atividade do EGFR, o camundongo em estudo ficou protegido contra o desenvolvimento de pancreatite crônica e câncer do pâncreas.

Os pesquisadores descobriram ainda que, no caso de camundongos que perderam expressão do supressor de tumores TP53 — uma situação que espelha até 60% dos casos de câncer pancreático humano — os tumores escapam da dependência do EGFR para o início e para o crescimento continuado do câncer de pâncreas, diz Howard Crawford.

O câncer de pâncreas é uma doença altamente fatal. Até agora, nenhum medicamento foi capaz de visar a proteína KRAS mutante. O estudo sugere que alguns pacientes, tais como os que sofrem de pancreatite crônica, podem ser bons candidatos ao tratamento com inibidores do EGFR, como uma forma de combater ou prevenir o câncer de pâncreas, diz o pesquisador da Clínica Mayo.

"As implicações clínicas desse estudo são estimulantes", ele diz. "Sugere que pacientes com câncer de pâncreas, com atividade normal do gene p53, bem como pacientes com pancreatite crônica, podem ser bons candidatos ao tratamento com inibidores do EGFR".

O inibidor do EGFR erlotinibe faz parte da terapia padrão para pacientes com câncer de pâncreas, mas exerce efeitos mínimos na população de pacientes como um todo, ele acrescenta. "Mas isso deve acontecer porque ocorre em muitos dos pacientes, provavelmente, uma mutação no supressor de tumores TRP53, de forma que o erlotinibe não pode ajudá-los, uma vez que o EGFR não é mais necessário para o crescimento do tumor.

"Talvez o erlotinibe ou outros inibidores do EGFR poderiam funcionar bem melhor em pacientes nos quais não ocorre uma mutação do TRP53", ele diz. "Também acreditamos que esse tipo de medicamento poderia prevenir a formação do câncer de pâncreas em pacientes com pancreatite crônica, que é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de tumores pancreáticos.

"Essas descobertas nos trazem alguns indícios muito importantes para entendermos como o câncer de pâncreas de desenvolve e progride", diz o pesquisador. "Quanto mais entendermos sobre esses tumores precoces, mais seremos capazes de trabalhar no diagnóstico e na terapia", afirma. O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional do Câncer.

Para mais informações sobre tratamento de câncer de pâncreas e outros tipos de câncer na Clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, contate o departamento de Serviços Internacionais pelo telefone 904-953-7000 ou envie um email para intl.mcj@mayo.edu.

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